Morte de influencer 'Barbie humana' em SP: MP e família contestam overdose e suspeitam de homicídio
Influencer 'Barbie humana' é encontrada morta em SP; caso gera polêmica

A morte da influenciadora digital Bárbara Jankavski Marquez, conhecida nas redes sociais como 'Barbie humana' ou 'Boneca Desumana', completa um mês nesta terça-feira (2) envolta em polêmica e investigações conflitantes. Encontrada sem vida em 2 de novembro na casa de um defensor público na Lapa, Zona Oeste de São Paulo, o caso divide a polícia, que aponta morte acidental por overdose, e o Ministério Público junto à família, que suspeitam de homicídio.

Duas versões para uma tragédia

De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), Bárbara, de 31 anos, sofreu um infarto após consumir cocaína. Os exames toxicológico e necroscópico, que confirmaram a presença da droga e a causa da morte, já foram entregues à delegacia. Com base nisso, o 7º Distrito Policial (DP) da Lapa, que investigava o caso como morte suspeita, deve concluir o inquérito como não criminal e relatá-lo à Justiça ainda esta semana, descartando morte natural ou assassinato.

No entanto, a promotora Michele Demico Camargo, atendendo a um pedido dos advogados da família, solicitou que o caso seja remetido ao Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em despacho, ela afirmou ver indícios de "materialidade de possível crime doloso contra a vida". A Justiça ainda não decidiu sobre a transferência.

Indícios que alimentam a suspeita

A família e os advogados Cristiano Medina e Leonardo Santos dos Anjos baseiam suas suspeitas em lesões no corpo de Bárbara, especificamente uma no olho esquerdo e manchas no pescoço. Eles acreditam que ela pode ter sido agredida e estrangulada. Além disso, contestam a conclusão da overdose, afirmando que a quantidade de cocaína encontrada em seu organismo não seria letal.

Por essas razões, os representantes da família pretendem pedir um novo laudo pericial e até cogitam requerer a exumação do corpo. Eles também criticam a investigação policial por não ter coletado material genógico debaixo das unhas da vítima e por não ter apreendido os celulares presentes no local para análise.

O relato do defensor público

O defensor público Renato De Vitto, de 51 anos, dono do imóvel onde Bárbara foi encontrada, prestou depoimento à polícia. Ele afirmou que contratou os serviços da influencer como garota de programa. Segundo seu relato, os dois consumiram cocaína, tiveram relações sexuais e, posteriormente, Bárbara caiu e machucou o olho. Ele disse que ela dormiu e não acordou mais.

Renato contou que acionou o Samu e tentou reanimá-la com massagem cardíaca por nove minutos, sem sucesso. Além dele, uma amiga sua e outro homem estavam na casa. A amiga corroborou a versão da queda. Após a morte, Renato afastou-se da Defensoria Pública por licença médica devido a estresse pós-traumático.

Um mês de incertezas e um legado digital

O caso, que completa 30 dias, permanece em aberto enquanto aguarda decisão judicial sobre o rumo das investigações. Bárbara Jankavski era uma figura conhecida na internet, com mais de 400 mil seguidores somando Instagram e TikTok. Ela ficou famosa por ter realizado 27 cirurgias plásticas, investindo mais de R$ 300 mil para se assemelhar à boneca Barbie, o que lhe rendeu os apelidos de "Barbie humana" e "Boneca Desumana".

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi procurada para se manifestar sobre as críticas da família à apuração, mas ainda não se pronunciou. O caso aguarda os próximos capítulos na Justiça, que definirão se a morte da influencer será arquivada como uma trágica fatalidade ou investigada como um possível crime.