O mercado de arte internacional testemunhou um momento histórico nesta terça-feira (18) quando um retrato pintado pelo austríaco Gustav Klimt foi arrematado por US$ 236,4 milhões (equivalente a R$ 1,25 bilhão) em um leilão realizado em Nova York. A obra "Retrato de Elisabeth Lederer" tornou-se assim a segunda mais valiosa já negociada em casas de leilão em todo o mundo.
Disputa acirrada por obra rara
Seis compradores diferentes disputaram intensamente a pintura durante aproximadamente 20 minutos, demonstrando o alto interesse pela obra do mestre austríaco. A Sotheby's, renomada casa de leilões responsável pela venda, optou por não revelar a identidade do comprador vencedor, mantendo o sigilo sobre quem adquiriu esta preciosidade artística.
A pintura, criada entre 1914 e 1916, retrata Elisabeth Lederer, filha do principal mecenas de Klimt, usando um vestido imperial chinês na cor branca. A composição é complementada por uma tapeçaria azul que mostra claras influências asiáticas, característica marcante do período artístico do pintor.
Raridade justifica valor recorde
De acordo com especialistas da Sotheby's, o valor extraordinário alcançado pelo retrato pode ser explicado pela extrema raridade das obras do gênero. Os retratos de corpo inteiro pintados por Klimt durante seu período de maior destaque artístico, compreendido entre 1912 e 1917, são considerados verdadeiras joias do mercado de arte.
A maioria dessas obras encontra-se atualmente em coleções de importantes museus internacionais, com pouquíssimas exemplares permanecendo em mãos de colecionadores privados. Esta escassez no mercado contribui significativamente para o valor alcançado em leilão.
O recorde anterior para uma obra de Klimt em leilão pertencia à pintura "Dama com Leque", criada entre 1917 e 1918, que havia sido vendida por 85,3 milhões de libras (US$ 108,8 milhões) em Londres no ano de 2023.
Contexto do mercado de arte
Este resultado extraordinário ocorre em um momento particularmente desafiador para o mercado global de leilões de arte. Segundo relatório anual da Artprice divulgado em março, o produto mundial dos leilões de obras de arte registrou uma queda de 33,5% em 2024, atingindo US$ 9,9 bilhões - o menor patamar desde 2009.
Especialistas apontam que, além do contexto econômico adverso, a escassez de obras de grande valor disponíveis no mercado tem sido um fator determinante para esta retração. A venda recorde do retrato de Klimt demonstra que, mesmo em cenários econômicos complexos, obras de excepcional qualidade e raridade continuam atraindo investimentos substanciais.
A obra de arte mais cara já vendida em leilão continua sendo "Salvator Mundi", atribuída a Leonardo da Vinci, que alcançou a impressionante quantia de US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,39 bilhões na cotação atual) durante um leilão realizado em 2017.