Ourivesaria de Natividade pode se tornar Patrimônio Cultural do Brasil
Ourivesaria de Natividade pode virar Patrimônio Cultural

A tradicional arte da Ourivesaria de Natividade, localizada no estado do Tocantins, está prestes a conquistar um marco histórico: o registro como Patrimônio Cultural do Brasil. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) abriu uma consulta pública para avaliar o reconhecimento desta prática cultural que remonta ao período colonial.

Consulta pública em andamento

Até o dia 21 de novembro, qualquer cidadão pode enviar sua opinião, sugestões ou informações sobre a Ourivesaria de Natividade através de múltiplos canais:

  • E-mail: conselho.consultivo@iphan.gov.br
  • Correspondência física para o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em Brasília
  • Protocolo Digital disponível no site oficial do Iphan

Este processo participativo garante que a comunidade detentora desta tradição tenha voz ativa no reconhecimento que passa por suas mãos.

Uma arte que resiste ao tempo

Conforme detalhado no Dossiê de Registro da Ourivesaria de Natividade, documento produzido em 2024 que registra toda a história e importância desta arte, existem atualmente sete oficinas em funcionamento na região.

Nestes espaços, diversos ourives mantêm viva a tradição enquanto transmitem seus conhecimentos para novas gerações, perpetuando uma técnica que há séculos encanta pela delicadeza e perfeição das peças produzidas.

As joias que encantam

Os talentosos ourives de Natividade criam uma diversidade impressionante de peças, incluindo:

  • Crucifixos e pingentes religiosos
  • Colares, cordões e gargantilhas
  • Brincos de diversos modelos
  • Pulseiras e anéis elaborados

O que torna estas peças especialmente notáveis é a aplicação da filigrana, técnica que utiliza fios de ouro aplicados em formato de arabescos com espessura que pode se aproximar de um fio de cabelo.

As joias produzidas em Natividade possuem dupla função na comunidade: são utilizadas tanto no dia a dia quanto em celebrações de diferentes naturezas, integrando-se profundamente na vida cultural local.

Raízes históricas profundas

A história desta arte remonta ao período colonial, quando artesãos se estabeleceram na região que hoje corresponde ao Tocantins. A técnica da filigrana traz consigo influências da região do Minho, em Portugal, mas desenvolveu características únicas em solo brasileiro.

O dossiê do Iphan ressalta um fato significativo: apenas em Natividade este ofício se manteve como traço cultural produtor de arte contínuo, demonstrando a singularidade desta tradição no contexto nacional.

Além da filigrana, os ourives locais dominam outras técnicas ancestrais, como as laterais serrilhadas, que igualmente remontam às tradições portuguesas.

Este potencial reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil representa não apenas a valorização de uma técnica artesanal, mas a preservação de um legado histórico que conecta o presente com as raízes coloniais do país, mantendo viva uma tradição que continua a inspirar e encantar pelas mãos habilidosas dos ourives de Natividade.