Neste sábado, 6 de dezembro de 2025, o programa Piauí de Riquezas levou os espectadores até o município de Floriano, no Sul do estado, para revelar os segredos de uma produção artesanal única: a cerâmica feita com argila branca. Trata-se de um material de ocorrência rara, encontrado em poucos locais do mundo, e que se tornou a base econômica e cultural de diversas famílias da região.
Da terra escura à cerâmica branca: um processo transformador
A matéria-prima é extraída no bairro Curtume, em Floriano. Na natureza, a argila surge com uma coloração escura, e sua característica tonalidade branca só é revelada após um processo fundamental: a queima. Todo o trabalho é manual, desde a busca pelo barro até o modelar das peças, seguindo técnicas transmitidas de pais para filhos ao longo de muitas gerações.
Jacó Pereira, artesão integrante da Cooperativa dos Artesãos do Curtume (Cooargila), é um dos guardiões dessa tradição. Ele conta que aprendeu o ofício com o pai, que, por sua vez, herdou o conhecimento do avô. “Meu avô e a família dele, foram 12 filhos criados através desse trabalho... Aí meu pai aprendeu com ele e meus pais também nos criaram [13 irmãos] nesse trabalho da argila”, relata Jacó. Ele complementa que, com essa mesma atividade, criou seus sete filhos, com a ajuda da esposa, Maria das Mercês, que também domina a arte da cerâmica.
Uma cadeia produtiva que sustenta a comunidade
O ciclo de produção é minucioso e familiar. Após a extração da argila bruta, o casal amassa o material, modela as peças e as deixa secar. Depois dos acabamentos, as peças são levadas ao sol forte para a etapa crucial da queima. É nesse momento que a transformação mágica acontece: a argila escura adquire a coloração branca que torna o artesanato local tão distintivo.
Mais do que uma simples atividade econômica, essa produção manual é um pilar da identidade cultural florianense. A cerâmica de argila branca é oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Piauí, um título que atesta sua importância histórica e social. A prática não apenas mantém viva uma tradição centenária, mas também garante a fonte de renda e a autonomia de inúmeras famílias da localidade.
Legado que molda o futuro
A história de Jacó Pereira e da Cooperativa Cooargila ilustra como o conhecimento empírico e o trabalho familiar podem sustentar comunidades inteiras, preservando um patrimônio que é ao mesmo tempo arte, cultura e sustento. A argila branca de Floriano segue, portanto, modelando não apenas belas peças de cerâmica, mas também o próprio futuro das gerações que dependem dessa riqueza natural e cultural do Sul do Piauí.