Um marco histórico para a cultura brasileira foi estabelecido em Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo. O Teatro Baccarelli acaba de ser inaugurado, tornando-se a primeira sala de concertos do mundo construída dentro de uma favela.
Investimento e infraestrutura
A obra, que durou um ano e meio, representou um investimento total de R$ 48 milhões. Desse valor, R$ 33 milhões foram captados via Lei Rouanet, R$ 8 milhões provenientes do governo estadual e R$ 7 milhões de doações de empresas, pessoas físicas e parceiros.
O espaço conta com capacidade para 530 pessoas e apresenta uma acústica de alto padrão, com 11 rebatedores de 300 kg suspensos no teto e caixas acústicas de madeira distribuídas pelas paredes para potencializar o som dos instrumentos.
Cerimônia de inauguração
A abertura oficial contou com a presença de autoridades de diferentes esferas do poder. Estiveram presentes o prefeito Ricardo Nunes, o governador Tarcísio de Freitas, representantes do Ministério da Cultura, além dos secretários estadual e municipal de Cultura.
O primeiro público a ocupar as poltronas do novo teatro foi formado por familiares, alunos e alunas do Instituto Baccarelli, que acompanharam emocionados o som das crianças ecoando pelas paredes do novo palco.
Impacto social e cultural
O maestro Edilson Venturelli, CEO do Instituto Baccarelli, destacou a importância simbólica e prática do novo teatro para a comunidade. "É a concretização de um sonho. A primeira sala de concertos em uma favela no mundo vem para ser mais um ponto de luz em Heliópolis", afirmou.
Venturelli reforçou que o espaço deve gerar empregos para moradores de Heliópolis e fortalecer o acesso da população local ao universo da música erudita. "As pessoas que nascem em uma favela muitas vezes passam na frente de grandes teatros e não entram. Agora, nossas famílias vão ver que podem estar no Municipal, na Sala São Paulo, nos museus", completou.
O Teatro Baccarelli passa a ser a nova casa da Orquestra do Instituto Baccarelli, que oferece aulas de música a 1.650 crianças e jovens da periferia. A expectativa é que o espaço se torne uma referência cultural e um símbolo de transformação social na maior favela de São Paulo.