Espetáculo 'A Voz que Não se Cala' Chega a Campo Grande com Reflexão Urgente sobre Desigualdade de Gênero
Espetáculo sobre gênero estreia em Campo Grande

Campo Grande está prestes a receber uma daquelas experiências artísticas que ficam martelando na nossa cabeça por dias. E não, não é exagero. O espetáculo "A Voz que Não se Cala" chega à capital sul-mato-grossense com uma proposta tão necessária quanto desconfortável: fazer o público encarar de frente as desigualdades de gênero que ainda permeiam nossa sociedade.

Imagine só: você entra no teatro, senta na poltrona e de repente se vê diante de cenas que, vamos combinar, já aconteceram com sua mãe, irmã, amiga ou talvez até com você mesma. É pesado? Um pouco. Mas é exatamente esse desconforto que a peça busca provocar.

Mais do que entretenimento, um soco no estômago

A montagem, que estreia nesta terça-feira (14) no Teatro Glauce Rocha, não é daquelas peças que você assiste passivamente. Ela te pega pelo colarinho e te joga dentro da realidade de milhões de mulheres. E olha, prepare o coração porque algumas cenas são de cortar a respiração.

"A gente queria mesmo era criar algo que não deixasse ninguém indiferente", conta a diretora Ana Lúcia Torres, com aquela voz mansa que esconde uma determinação de aço. "Não dá mais para fingir que está tudo bem, que as coisas melhoraram o suficiente. A realidade ainda é dura demais para as mulheres."

Um elenco que entende do riscado

O que mais impressiona - além do texto afiado - é o time por trás da produção. São atrizes e técnicos locais, gente que conhece como ninguém a realidade da nossa região. E isso faz toda a diferença, sabe?

  • Juliana Mendes como a executiva que sofre assédio velado no trabalho
  • Carolina Rios no papel da mãe solo lutando por creche
  • Fernanda Lopes interpretando a jovem que descobre que ganha menos que o colega homem

Cada personagem poderia ser sua vizinha, sua colega de trabalho, aquela mulher que você viu no ônibus. É essa veracidade que torna a experiência tão... arrepiante.

Por que você deveria ir?

Além da óbvia qualidade artística - que por si só já valeria o ingresso - a peça cumpre um papel social importantíssimo. Num momento em que ainda discutimos direitos básicos, ter uma reflexão dessas em cartaz não é luxo, é quase uma necessidade pública.

E tem mais: depois de cada apresentação, rola um debate com o elenco e especialistas. É a chance de processar tudo o que você viu, trocar ideias, quem sabe até sair de lá com uma perspectiva diferente.

Os ingressos estão saindo rápido - e não é à toa. A temporada vai até domingo (19), com sessões às 20h durante a semana e mais duas sessões no fim de semana: 19h e 21h. Os valores? Bem acessíveis, entre R$ 20 e R$ 40.

Uma dica: chegue ceno. A fila do debate costuma ser quase tão interessante quanto o espetáculo em si. Já vi gente saindo de lá com lágrimas nos olhos, mas também com uma centelha de esperança. E no fundo, é disso que se trata, não é?