A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou nesta quinta-feira (20) um ambicioso projeto de revitalização urbana para a região central da cidade. Batizado de Praça Onze Maravilha, o plano prevê transformações profundas em uma área de 2,5 milhões de metros quadrados que inclui o Sambódromo e seu entorno.
Investimento bilionário e mudanças estruturais
O projeto representa um investimento estimado de R$ 1,75 bilhão, com financiamento totalmente privado através de concessões, Parcerias Público-Privadas (PPPs) e instrumentos urbanísticos. A iniciativa segue o modelo bem-sucedido da revitalização da região portuária.
Entre as principais intervenções está a demolição do Viaduto 31 de Março, estrutura que atualmente dificulta a conexão entre os bairros do Centro, Estácio e Catumbi. A remoção do viaduto, inspirada na bem-sucedida demolição da Perimetral, permitirá uma remodelação completa do entorno do Sambódromo.
Novo desenho urbano e espaço cultural
O plano urbanístico inclui a abertura de novas vias, melhoria na circulação e a construção de um mergulhão entre as ruas Frei Caneca e Salvador de Sá, sobre o qual será edificada uma praça. As calçadas no entorno da Marquês de Sapucaí serão ampliadas e receberão nova iluminação, melhor drenagem e áreas verdes.
Um dos destaques do projeto é a Biblioteca dos Saberes, com mais de 40 mil m², projetada pelo arquiteto Diébédo Francis Kéré, vencedor do Prêmio Pritzker. O equipamento cultural contará com teatro, anfiteatro, cozinhas, salas de estudo, áreas expositivas e acervos especializados em memória, patrimônio e expressões populares.
Moradias e integração regional
A prefeitura enviará à Câmara Municipal um projeto de lei criando a Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU) Praça Onze Maravilha. A medida permitirá a construção de 37,5 mil unidades residenciais em 25 anos, com potencial para atrair mais de 100 mil moradores para a região central.
O modelo de viabilidade econômica combina concessões, PPPs, venda de potencial construtivo, pagamento de outorga onerosa e criação de um fundo imobiliário com imóveis públicos. O projeto será debatido em audiência pública ainda este ano e encaminhado ao Legislativo até dezembro.
O anúncio foi realizado no Dia da Consciência Negra, data simbólica para a região que abriga a Praça Onze e a Pequena África, territórios de grande importância para a história e cultura afro-brasileira. A iniciativa se integra às intervenções em andamento no Porto Maravilha, reforçando o corredor cultural e ambiental que conecta o Cais do Valongo, a Pedra do Sal, a Praça Onze e o Sambódromo.