Um importante capítulo da história do Brasil está ameaçado de desaparecer no centro de Niterói. O Palacete Imperial, localizado na Rua Marechal Deodoro, número 30, no Centro da cidade, enfrenta um processo constante de degradação que preocupa especialistas em patrimônio histórico e moradores.
Um prédio que testemunhou a formação do Estado do Rio
O que muitos não sabem é que este imponente edifício já foi residência de D. Pedro I e da Marquesa de Santos. A construção também abrigou importantes instituições do período imperial, como a Tesouraria Geral e a Guarda Policial da província.
O palacete tem um valor histórico incomparável: foi o primeiro imóvel incorporado ao patrimônio da província do Rio de Janeiro em 1842. A aquisição foi feita em leilão por ordem do Presidente Honório Carneiro Leão, que mais tarde se tornaria o Marquês de Paraná.
A ironia é que, apesar de sua importância, a maioria dos moradores de Niterói desconhece que a cidade foi capital da Província do Rio de Janeiro e que este prédio testemunhou o nascimento do Estado do Rio.
Abandono e descaracterização
Atualmente, o Palacete Imperial vive uma realidade triste. Parte do prédio abriga um restaurante popular, outra parte funciona como agência bancária, e o restante está completamente abandonado.
O que mais preocupa é que essa situação persiste mesmo com o tombamento do imóvel pelo INEPAC em 1990 e pela Prefeitura de Niterói em 2001. A descaracterização arquitetônica avança, apagando gradualmente os detalhes que contam a história do local.
Uma oportunidade perdida
Niterói já teve um Museu Histórico, mas ele foi fechado e nunca mais reaberto. O espaço mais adequado para receber esse museu está justamente no Palacete Imperial, que continua à espera de uma nova vida cultural.
Com a cidade se preparando para sediar parte dos Jogos Pan-Americanos, surge a pergunta: não seria o momento ideal para mostrar ao mundo também nossa rica história?
Os números que justificam a preservação
Segundo o IPHAN e o INEPAC, o abandono de bens tombados é uma das principais causas de perda patrimonial no Brasil. A UNESCO vai além e afirma que cada real investido em patrimônio cultural pode gerar até R$ 4 em retorno turístico, social e econômico.
Preservar o Palacete Imperial vai além dos benefícios econômicos. É uma forma de honrar nossa história, nossa identidade e a memória de um Brasil que não pode ser apagado por ideologias, esquecimento ou negligência institucional.
Por isso, Renan Guedes Hart, niteroiense formado em Música, História e Teologia, com especialização em Cultura e Literatura, lançou uma petição pedindo:
- A revitalização completa do Palacete Imperial de Niterói
- Sua reocupação cultural como sede do Museu Histórico da cidade
- O compromisso efetivo do poder público com a preservação da memória fluminense e brasileira
O apelo é para que a sociedade se mobilize para salvar este importante marco histórico antes que seja tarde demais.