O mundo da arquitetura e da cultura está de luto. Frank Gehry, o renomado arquiteto canadense-americano considerado um ícone do desconstrutivismo e vencedor do prestigiado Prêmio Pritzker, faleceu nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, aos 96 anos de idade. A notícia da morte do "superastro" da arquitetura contemporânea repercutiu globalmente, marcando o fim de uma era de criações audaciosas e formas revolucionárias.
O Gênio das Formas Ousadas
Frank Gehry se consagrou como uma das figuras mais importantes e influentes da arquitetura moderna. Sua carreira foi definida por uma genialidade única, capaz de idealizar estruturas que desafiavam as convenções, muitas vezes descritas com um ar de movimento perpétuo, como se estivessem "recentemente desabadas" ou "em processo de finalização". Sua assinatura inclui o uso de materiais inusitados, como placas onduladas de metal curvado, e o desenvolvimento de volumetrias complexas que se tornaram sua marca registrada.
Nascido em 1929, Gehry alcançou um status de celebridade raro para um arquiteto, transcendendo os círculos especializados e cativando o público em geral com suas esculturas habitáveis. Sua capacidade de transformar o skyline das ciedades e revitalizar áreas urbanas com suas obras o elevou à categoria de lenda viva da profissão.
Obras que Marcaram Época
Entre a vasta produção de Frank Gehry, algumas obras se destacam como pilares de seu legado. A mais emblemática é, sem dúvida, o Museu Guggenheim em Bilbao, na Espanha. Inaugurado em 1997, o edifício é amplamente considerado um dos feitos arquitetônicos mais significativos desde 1980. Mais do que um museu, tornou-se um símbolo da revitalização urbana da cidade basca, atraindo milhões de visitantes e abrigando uma coleção de arte contemporânea de primeira linha, com nomes como Richard Serra, Andy Warhol e Jeff Koons.
Nos Estados Unidos, Gehry presenteou Los Angeles com a icônica Walt Disney Concert Hall. Concluída em 2003, a sala de concertos, com sua fachada reluzente de aço inoxidável, é um marco na cidade. Projetada em parceria com o especialista em acústica Manuel Rosales, a casa é celebrada não apenas por sua estética futurista, mas também pela qualidade sonora excepcional de seu auditório.
Na Europa, outras duas criações chamam a atenção. Em Praga, na República Tcheca, a Casa Dançante (Dancing House), concluída em 1996, homenageia os dançarinos Fred Astaire e Ginger Rogers com sua forma que sugere um casal em movimento. Já em Paris, o museu Fondation Louis Vuitton, inaugurado em 2014, impressiona com sua estrutura que lembra um navio com velas de vidro, flutuando no Bois de Boulogne.
Projetos Recentes e Versatilidade
A genialidade de Gehry não parou no tempo. Em 2015, ele deixou sua marca no Vale do Silício ao projetar a expansão massiva do campus do Facebook (atual Meta) em Menlo Park, Califórnia. O complexo inovador inclui o maior piso aberto do mundo e um extenso jardim no terraço.
Na França, a Torre da Fundação LUMA em Arles, com seu formato sinuoso que dialoga com as paisagens pintadas por Vincent van Gogh, mostra como o arquiteto continuava a explorar novas formas e conceitos mesmo em fases avançadas de sua carreira. Sua versatilidade também ficou evidente no projeto da Cinemateca Francesa em Paris, adaptando um antigo centro cultural americano em um importante polo cinematográfico.
O falecimento de Frank Gehry encerra um capítulo brilhante da arquitetura mundial. Suas obras, no entanto, permanecem como testemunhos eternos de sua coragem, criatividade e visão única. Elas continuarão a inspirar futuras gerações de arquitetos, artistas e todos aqueles que acreditam no poder da forma para transformar o espaço e a experiência humana.