4,2 mil filhotes de quelônios são soltos no Xingu em ação de conservação
Soltura de 4,2 mil tartarugas no Xingu marca conservação

Uma ação de conservação ambiental marcou o último sábado (6) no sudoeste do Pará com a soltura de aproximadamente 4.200 filhotes de quelônios no Rio Xingu. O evento ocorreu no Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, localizado no município de Senador José Porfírio, região reconhecida como um dos maiores berçários de tartarugas de água doce da América do Sul.

Experiência transformadora para voluntários

Pela primeira vez participando da iniciativa, a voluntária Bruna dos Santos não escondeu a emoção. "É uma experiência maravilhosa. Há muito tempo eu queria participar e finalmente consegui", declarou. Ela e outros 43 voluntários, todos colaboradores da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, tiveram uma imersão no trabalho de preservação.

O grupo acompanhou todo o processo, desde as escavações na areia para abertura dos ninhos até o resgate dos filhotes e o momento crucial da soltura, observando o trajeto das pequenas tartarugas em direção ao rio. Durante a atividade, os participantes receberam informações sobre o comportamento, ciclo de vida e os principais desafios para a proteção dessas espécies.

Para Marlon de Oliveira, colaborador que já participou outras vezes, a ação reforça um compromisso maior. "É emocionante participar mais uma vez. Além de contribuir diretamente para a proteção, temos a oportunidade de vivenciar a riqueza natural do Xingu", destacou.

Programa com mais de uma década de resultados

A soltura faz parte do Programa de Conservação e Manejo de Quelônios de Belo Monte, uma iniciativa que começou em 2011. Desde sua criação, o balanço é impressionante: mais de 6,5 milhões de filhotes já foram devolvidos à natureza.

O programa mantém uma equipe fixa de biólogos e auxiliares de campo que, desde setembro, monitoram a reprodução em 20 praias do Tabuleiro do Embaubal. O trabalho envolve:

  • Identificação e demarcação dos ninhos.
  • Acompanhamento das condições naturais de incubação.
  • Monitoramento do período de eclosão dos ovos.

Neste ano, o monitoramento já identificou 4.238 ninhos pertencentes a três espécies: tartaruga-da-Amazônia, tracajá e pitiú. A desova segue até o final de novembro, com os nascimentos concentrados entre o início de dezembro e meados de janeiro.

Fiscalização integrada para proteção

Para garantir o sucesso da reprodução, uma operação de fiscalização atua no local desde julho. A ação conjunta reúne:

  • Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio).
  • Ibama.
  • Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará (Semas).
  • Polícia Militar.

O objetivo é coibir a coleta irregular de ovos e a caça predatória, ameaças constantes aos quelônios. "Estamos realizando fiscalização diária para manter a unidade livre de pressões humanas e proteger o ciclo de vida desses animais", explicou Marco Aurélio Xavier, gerente das Unidades de Conservação do Xingu.

A parceria entre a iniciativa privada, por meio da Norte Energia, e os órgãos públicos estaduais e federais demonstra a força da atuação integrada para a conservação da biodiversidade na Amazônia, assegurando um futuro para essas espécies icônicas do Rio Xingu.