Mais de 3.500 filhotes de tartarugas são soltos no Xingu em espetáculo de conservação
Projeto libera 3.500 tartarugas no berçário do Xingu

O ano de 2025 foi encerrado com um espetáculo de vida e esperança nas águas do Rio Xingu. Mais de 3.500 filhotes de tartarugas-da-Amazônia, tracajás e pitiús ganharam a liberdade em um dos mais importantes santuários de reprodução de quelônios de água doce do país.

Um berçário natural de importância continental

A ação aconteceu na primeira semana de dezembro, no Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, localizado no município de Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará. A região é reconhecida por suas condições ambientais únicas, que a transformam em um berçário natural de dimensões continentais.

Durante o período de seca, extensos bancos de areia se formam às margens do Xingu. Essas áreas oferecem temperatura, luminosidade e características do solo perfeitas para a incubação dos ovos, permitindo a reprodução simultânea de milhares de fêmeas. "Ver cada filhote chegar à água é a síntese de um trabalho constante", afirmou Roberto Silva, gerente da Norte Energia, em entrevista.

Uma parceria que vem desde 2011

Esta soltura espetacular é resultado de um projeto de conservação que já completou mais de uma década. A iniciativa é promovida pela Usina Hidrelétrica Belo Monte, por meio da Norte Energia, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e o Ibama.

Desde 2011, o programa realiza monitoramento, manejo e ações de proteção, fortalecendo a sobrevivência de espécies essenciais para o equilíbrio do bioma. "São ações que fortalecem as comunidades locais e ajudam a manter a floresta em pé", completou Silva.

Proteção fundamental para espécies de maturação tardia

A conservação desses quelônios é estratégica para a saúde da Amazônia. Espécies como a tartaruga-da-Amazônia possuem crescimento lento e demoram muitos anos para atingir a maturidade reprodutiva. Isso torna a proteção dos ninhos e dos filhotes uma etapa crítica para garantir a reposição natural das populações ao longo do tempo.

As ações do projeto combatem ameaças como:

  • A coleta ilegal de ovos.
  • A alta mortalidade natural dos filhotes.
  • A perda de habitat.

Além disso, os quelônios desempenham funções ecológicas vitais, como a ciclagem de nutrientes e a dispersão de sementes, atuando como verdadeiros engenheiros do ecossistema aquático.

A soltura de milhares de filhotes no Tabuleiro do Embaubal não é apenas um evento visualmente impactante. É a materialização de um esforço contínuo de ciência, monitoramento e envolvimento comunitário, que garante um futuro mais saudável para a biodiversidade do Xingu e para toda a Amazônia.