
Numa tarde aparentemente comum em Três Rios, no interior do Rio, a rotina foi quebrada por uma ação que misturou crime ambiental com o universo sombrio dos entorpecentes. Aconteceu na Rua Doutor Sá Earp, no centro da cidade, por volta das 15h dessa terça-feira (19) – um endereço que agora consta nos autos de um caso no mínimo peculiar.
Imagina só: os agentes chegam para cumprir um mandado de busca e apreensão, desses de rotina, e se deparam com uma cena que beira o inacreditável. Seis pássaros, todos silvestres, presos em gaiolas como se fossem troféus de uma coleção ilegal. E não era qualquer ave não – estamos falando de espécies que deveriam estar voando livres por aí, não trancafiadas na casa de um suspeito de 46 anos.
Mas o buraco era mais embaixo – e quando digo embaixo, é no sentido figurado mesmo. Além das aves, os policiais encontraram porções de maconha e crack escondidas pelo local. Uma combinação no mínimo estranha, que deixou até os mais experientes de cabelo em pé. O que uma coisa tem a ver com a outra? Mistério.
O indivíduo, cujo nome não foi divulgado – afinal, a justiça precisa seguir seu curso –, não teve muito o que argumentar. Preso em flagrante, agora responde por dois crimes de peso: tráfico de drogas e contra o meio ambiente. Cada um deles, isoladamente, já daria um belo de um problema. Juntos, então… Melhor nem pensar.
As aves, coitadas, tiveram destino mais nobre. Encaminhadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), elas passarão por avaliação e, quem sabe, poderão voltar à natureza. Um final feliz para elas, mas que serve de alerta: o comércio ilegal de animais silvestres é mais comum do que se imagina, e operações como essa são apenas a ponta do iceberg.
E olha, isso não é caso isolado não. Só no primeiro semestre deste ano, o IBAMA apreendeu mais de 3.800 animais silvestres em situação irregular pelo país. Número assustador, que mostra como ainda temos um longo caminho pela frente quando o assunto é preservação ambiental e combate ao tráfico.
Enquanto isso, em Três Rios, a população fica se perguntando quantos casos assim ainda passam despercebidos. A operação foi um sucesso, sem dúvida, mas é aquela velha história: para cada um que cai, quantos continuam por aí, cometendo os mesmos crimes?