Um registro histórico anima ambientalistas e pesquisadores no estado do Rio de Janeiro. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em parceria com o Projeto Aventura Animal, flagrou novamente a passagem de uma onça-pintada no Parque Estadual da Serra da Concórdia, localizado no município de Valença, na região Sul Fluminense.
Um macho adulto marcando território
As imagens mais recentes, capturadas no dia 11 de novembro, mostram o animal, um macho adulto, transitando diversas vezes por um corpo d'água dentro da unidade de conservação, inclusive durante o dia. Segundo análises do Inea, esse comportamento indica que o felino está marcando território na área.
Esse é o primeiro indivíduo da espécie registrado no estado do Rio desde a década de 1970. O monitoramento inclui não apenas as filmagens, mas também o rastreamento de pegadas e a análise de fezes. Os estudos revelaram que a dieta do animal é composta por presas como capivaras, catetos e tapitis.
Monitoramento e proteção intensificados
O secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, destacou os esforços para garantir a segurança do animal e da população local. "Estamos trabalhando para assegurar que essa onça seja acompanhada e protegida, com câmeras equipadas com sensor de movimento, grupos de pesquisa e agentes de fiscalização", afirmou.
O Inea implementou um plano de acompanhamento e educação ambiental. A população do entorno vem recebendo orientações por meio de educadores ambientais, guarda-parques e materiais informativos. Como parte da resposta ao avistamento, a Secretaria adquiriu novas câmeras para expandir o monitoramento da fauna em todo o território fluminense.
Sinal de esperança para a Mata Atlântica
A presença da onça-pintada, o maior predador das Américas, é um indicador crucial da qualidade ambiental. Ela atua no topo da cadeia alimentar, sendo essencial para o equilíbrio do ecossistema. A espécie está ameaçada de extinção, com estimativas de menos de 300 indivíduos em toda a Mata Atlântica.
Especialistas do Inea apontam que a migração do animal para o Rio de Janeiro pode estar relacionada a um dado positivo: o estado é o único do país que aumentou a cobertura de vegetação nativa nos últimos 40 anos. Entre 1985 e 2024, a área de floresta no território fluminense cresceu de 30% para 32%, criando um ambiente mais equilibrado e propício para a volta de espécies-chave como a onça-pintada.