Um vídeo gravado na costa da Colúmbia Britânica, no Canadá, está surpreendendo a comunidade científica ao revelar uma estratégia incomum utilizada por uma loba para obter alimento. As imagens, capturadas em maio de 2024, mostram o animal interagindo com uma armadilha submarina de maneira que sugere raciocínio complexo e capacidade de solução de problemas.
A cena que intrigou os pesquisadores
O episódio ocorreu na região de Bella Bella, território da nação indígena Heiltsuk, que mantém um programa de vigilância ambiental. Desde 2021, o grupo instala armadilhas simples para controlar a expansão dos caranguejos-verdes, uma espécie invasora. No entanto, várias armadilhas estavam sendo danificadas e recolhidas com avarias incomuns, muitas vezes em áreas profundas.
Para investigar o mistério, os pesquisadores posicionaram uma câmera remota próximo a um dos equipamentos. Menos de 24 horas depois, a gravação revelou a autora dos danos: uma loba que executou uma sequência precisa de ações:
- Localizou o flutuador preso à corda da armadilha
- Nadou até o equipamento
- Puxou a corda para a superfície
- Arrastou a estrutura para águas mais rasas
- Rasgou a rede para acessar o recipiente com isca
A cena completa foi realizada em poucos minutos, indicando que o animal compreendeu a relação entre os diferentes componentes da armadilha.
Implicações para o estudo do comportamento animal
O registro, feito em 19 de novembro de 2025, despertou entre os cientistas a dúvida sobre se esse comportamento isolado pode revelar um repertório mais amplo de habilidades pouco documentadas nos lobos. A operação exigiu repetição, ajuste e coordenação por parte do animal.
Embora não haja consenso sobre classificar o ato como "uso de ferramenta", o episódio levantou discussões importantes sobre a capacidade cognitiva desses animais. Os lobos raramente são observados realizando comportamentos desse tipo, o que torna o registro ainda mais significativo.
Possível aprendizado social entre lobos
O caso também reacendeu o interesse sobre a cultura e a aprendizagem social desses animais. Habitantes locais relatam incidentes recorrentes com armadilhas danificadas de forma similar na região, e acreditam que mais de um lobo pode estar envolvido.
Na Colúmbia Britânica, a população de lobos vive em áreas com baixa interferência humana, o que, segundo pesquisadores, pode favorecer a exploração de novos comportamentos. Além de caçar presas tradicionais, esses animais se alimentam de recursos marinhos e frequentemente são observados circulando entre florestas e praias em busca de alimento.
O episódio documentado pela câmera de Stefan Seidel continua sendo analisado por especialistas, que buscam entender melhor as capacidades cognitivas e comportamentais dos lobos em ambientes costeiros.