Japão cria 'equipe de caça' com aposentados contra ataques de ursos
Japão forma caçadores contra ursos após 13 mortes

Crise sem precedentes leva Japão a medidas extremas

O governo japonês aprovou nesta sexta-feira, 14 de novembro de 2025, um plano emergencial para conter a onda de ataques de ursos que já causou 13 mortes humanas em mais de mil incidentes registrados apenas neste ano. A medida mais drástica envolve a criação de "equipes de caça" compostas por ex-soldados e policiais aposentados.

Equipes especiais com veteranos armados

O secretário-chefe do gabinete, Minoru Kihara, declarou que o governo fará "estrategicamente o que for necessário para garantir a segurança e a proteção do público". As novas unidades serão formadas por veteranos das Forças de Autodefesa do Japão que possuem treinamento em armas de fogo.

A gravidade da situação ficou evidente com a morte da idosa Kiyo Goto, de 79 anos, na prefeitura de Akita. Ela foi atacada por um urso enquanto colhia cogumelos nas montanhas, aumentando a percepção de insegurança entre a população.

Consequências sociais e econômicas

Os constantes ataques estão afetando significativamente o turismo e provocando o cancelamento de festivais, eventos esportivos e excursões escolares. O governador de Akita, Kenta Suzuki, expressou a angústia da população: "Os cidadãos são forçados a viver em constante medo diariamente, ficando nervosos até mesmo ao abrir a porta de casa".

A prefeitura de Akita foi uma das mais afetadas, registrando 8 mil avistamentos de ursos em 2025. Suzuki destacou que "isso não deveria estar acontecendo na sociedade japonesa moderna".

Tecnologia e estratégias de contenção

O plano governamental inclui o uso de tecnologia avançada como drones para rastrear e capturar animais que invadam áreas habitadas. Também estão sendo estudadas a criação de "zonas tampão" entre cidades e florestas e a instalação de cercas elétricas ao redor de fazendas e áreas residenciais.

Outro aspecto abordado pelo governo é o gerenciamento da opinião pública, alertando que "reclamações excessivas por parte da população podem sufocar os esforços de abate do governo". Pesquisa da emissora pública NHK revelou que 71% dos japoneses apoiam o reforço nas medidas preventivas.

Causas ambientais e demográficas

Especialistas apontam que as mudanças climáticas e o declínio demográfico são os principais fatores por trás do comportamento alterado dos ursos. O professor Koji Yamazaki, da Universidade de Agricultura de Tóquio, explica que o abandono de terras agrícolas permitiu a expansão das florestas, aproximando os ursos das regiões habitadas.

Além disso, os efeitos climáticos estão reduzindo a disponibilidade de frutas e nozes que os ursos precisam para se preparar para a hibernação, forçando-os a percorrer distâncias maiores em busca de alimentos.

Estimativas indicam que o Japão abriga 44 mil ursos-negros - número que triplicou no último ano - e 12 mil ursos pardos, todos concentrados na ilha de Hokkaido, no norte do país.