A cena é de cortar o coração. Um jabuti, desses que vivem décadas, talvez até um século, quase virou cinza junto com a plantação. Mais da metade do corpo carbonizado. A carapaça, que deveria ser sua fortaleza, transformada em um pesadelo de queimaduras.
O caso aconteceu na última segunda-feira, mas a dor continua fresca. O Corpo de Bombeiros foi chamado para conter as chamas que consumiam um canavial inteiro na zona rural de Araçatuba. E no meio da fumaça e do calor insuportável, encontraram o sobrevivente improvável.
Uma luta pela vida entre as cinzas
Parece milagre que ele tenha resistido. Imagina só: o fogo avançando rápido, sem piedade, e um jabuti, conhecido por sua lentidão, tentando escapar. Não teve chance. As chamas o alcançaram e queimaram mais de 50% do corpo - um verdadeiro inferno particular.
Os bombeiros, acostumados com tragédias, não conseguiram ficar indiferentes. Imediatamente levaram o animal para o Hospital Veterinário da Unesp em Araçatuba. O estado era crítico, desesperador. Os veterinários trabalharam contra o tempo para salvar uma vida que, convenhamos, merecia melhor sorte.
Além de um caso isolado: o problema das queimadas
E cá entre nós, esse jabuti representa muito mais do que aparenta. É só a ponta do iceberg de um problema crônico nas plantações de cana. As queimadas, seja para "facilitar" a colheita ou por acidente, transformam habitats inteiros em armadilhas mortais.
Quantos outros animais não tiveram a mesma sorte? Quantos morreram carbonizados sem que ninguém soubesse? A pergunta fica no ar, ecoando entre as cinzas do canavial.
O pior é saber que essa prática, embora regulamentada, continua ceifando vidas silvestres. E o jabuti, com seu casco queimado, virou um símbolo involuntário dessa destruição.
O que esperar do futuro?
Enquanto isso, no hospital veterinário, a batalha continua. Os profissionais fazem de tudo para manter o jabuti vivo, mas o prognóstico... bem, ninguém quer dar certezas. Queimaduras tão extensas em um animal selvagem são um desafio enorme.
Resta torcer. Torcer para que ele sobreviva, para que sua história sirva de alerta, e para que outros jabutis não precisem passar pelo mesmo calvário. Porque no final das contas, a natureza sempre cobra a conta - e às vezes, de formas que nem imaginamos.
