Monitoramento de 8 meses protege reprodução de quelônios no oeste do Pará
Ilha do Meio tem monitoramento para proteger tartarugas

Uma importante iniciativa de conservação garante a segurança de espécies de quelônios durante seu período reprodutivo no oeste do estado do Pará. O foco das ações é a Ilha do Meio, localizada entre os municípios de Alenquer, Curuá, Óbidos e Santarém, reconhecida como uma das principais áreas naturais de desova desses animais na região.

Monitoramento contínuo e participação comunitária

Durante oito meses do ano, a ilha recebe um trabalho de monitoramento ininterrupto. O objetivo é assegurar que espécies como a tartaruga-da-amazônia, o pitiú e o tracajá possam se reproduzir sem ameaças. Moradores ribeirinhos são parceiros fundamentais nesse processo, acompanhando de perto as atividades.

O ribeirinho Cleuson Souza relata que a tartaruga é a espécie que aparece em maior quantidade no local. "Tartaruga, que é de maior quantidade. Pitiú e o tracajá. Mas nós estamos visando que as tartarugas a gente tenha mais produção", explica ele, que participa ativamente do manejo dos ovos.

Desafios ambientais e ações de proteção

Para combater ameaças, o município de Curuá instalou três bases de fiscalização ativas. Elas têm como foco coibir a pesca predatória e a captura ilegal dos animais. Além da vigilância, pesquisadores realizam ações técnicas que englobam o manejo dos ninhos, a implementação de acordos de pesca e programas de educação ambiental.

No entanto, os protetores dos quelônios enfrentam desafios significativos. O gestor ambiental Diego Campos destaca os problemas causados pela subida rápida do rio, que reduz o espaço disponível para desova. "Como a água está subindo muito rápido, temos que fazer esse trabalho de transferência dos ninhos para poder ter uma boa desova", afirmou.

Vegetação e adaptação das espécies

Outro obstáculo neste ano é a vegetação que invadiu a área tradicional de desova. A bióloga Érica Léa, da Sociedade para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema), detalha a situação: "Esse ano está sendo um ano bem difícil porque a área que elas desovam está tomada por vegetação. Então elas não estão conseguindo fazer seu ninho. Elas estão fazendo o ninho na beirada da praia, próximo ao barranco e a gente está tendo que fazer essa transferência justamente para que não ocorra perda desses ninhos".

O trabalho de transferência dos ninhos para locais mais seguros tem sido, portanto, uma ação crucial para garantir o sucesso reprodutivo e a preservação dessas espécies tão importantes para o ecossistema amazônico.