
Era um dia como qualquer outro no cemitério municipal — até que um choro miúdo entre lápides revelou uma cena de partir o coração. Uma cadela, magricela e com pelos embaraçados, havia se abrigado dentro de um túmulo abandonado. E ali, entre tijolos e memórias, trouxe ao mundo nada menos que 15 filhotes!
"Parecia uma cena de filme", contou um dos funcionários que fez a descoberta. "A gente ouvia uns guinchos, seguimos o barulho e... puf! Lá estava ela, cercada de bebês peludos."
Operação resgate: tijolo por tijolo
Os bombeiros chegaram com cuidado — afinal, mexer em túmulo não é brincadeira. Mas a cadela, exausta, mal reagiu. "Ela estava tão fraca que nem rosnou", lembra o sargento responsável. Uma escavadeira foi usada para remover parte da estrutura, enquanto voluntários improvisavam uma maternidade com cobertores doados.
Os filhotes, minúsculos e barulhentos, foram passados de mão em mão como um tesouro frágil. Quinze! Um número que deixou até veterinários de queixo caído. "Normalmente, ninhadas grandes têm 8, 9 filhotes no máximo", explicou a Dra. Luísa, que acompanhou o caso.
O depois da tempestade
Hoje, mãe e filhos estão em um lar temporário. A cadela — batizada de "Estrela" pelos resgatadores — começa a recuperar o peso perdido. Quanto aos filhotes? Bem, digamos que já há fila de adoção. "Até meu tio, que nunca quis animal, pediu um", ri a voluntária Mariana.
O caso reacendeu o debate sobre abandono animal na região. Afinal, como alguém deixa uma cadela prenha vagar sem rumo? Enquanto isso, Estrela ensina uma lição: até nos lugares mais inesperados, a vida insiste em florescer — contra todas as probabilidades.