MP denuncia 24 por maior rede de tráfico de aves silvestres do Brasil
24 denunciados em maior rede de tráfico de aves do país

Maior rede de tráfico de aves silvestres do país é desmantelada

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) formalizou a denúncia contra 24 pessoas acusadas de integrar a maior organização criminosa de tráfico de animais silvestres do Brasil. Entre os animais traficados pela rede, foram identificadas diversas espécies que enfrentam risco de extinção.

Os denunciados responderão judicialmente não apenas pelo tráfico, mas também por lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos contra os animais. A distribuição geográfica dos acusados revela a abrangência da operação criminosa: 14 são da Bahia, seis do Rio de Janeiro, três de Minas Gerais e um do Espírito Santo.

Estrutura da organização criminosa

De acordo com as investigações do Gaeco baiano, a rede era liderada por Weber Sena de Oliveira, conhecido como "Paulista", que atuava há aproximadamente 20 anos no crime ambiental. A organização possuía uma estrutura bem definida, contando com 14 fornecedores, cinco receptadores, três transportadores e uma operadora financeira.

A esposa de Paulista era apontada como a operadora financeira do grupo, responsável por receber os pagamentos pelas entregas e efetuar os repasses aos fornecedores. As investigações identificaram movimentação financeira ilícita de aproximadamente 500 mil reais apenas entre fevereiro e agosto de 2023 em uma de suas contas bancárias.

Modus operandi e espécies traficadas

As aves eram capturadas utilizando armadilhas e redes de 20 metros de comprimento que permitiam a apreensão de até 500 pássaros em um único dia. Entre as espécies mais visadas estavam estevão, canário, chorão, papa-capim, trinca-ferro, azulão e pássaro preto.

Os animais capturados eram mantidos em cativeiros provisórios de condições extremamente precárias, sem alimentação suficiente, onde aguardavam por dias até o transporte. Paulista era o responsável por colocar as aves em veículos de passeio e caminhões para enviá-las principalmente para o estado do Rio de Janeiro e Salvador.

Segundo a promotora de Justiça Aline Salvador, dados da Renctas indicam que 90% dos animais capturados não sobrevivem ao transporte, morrendo por maus-tratos, estresse ou condições inadequadas.

Queda do líder após duas décadas

Paulista, considerado o maior traficante de aves silvestres do país, estava foragido da Justiça há 20 anos antes de ser preso em flagrante durante uma blitz na BR-101, próximo a Itabuna, na Bahia, em janeiro de 2025.

Na ocasião de sua prisão, 135 pássaros foram apreendidos em seu veículo, fato que colocou o criminoso no centro das investigações do MP-BA e permitiu o desmantelamento de toda a organização.

As investigações também apontaram que parte significativa das transferências bancárias partiu de terminais de autoatendimento na cidade de Magé, no Rio de Janeiro, onde reside Valter Nélio, conhecido como "Juninho de Magé", também denunciado por lavagem de dinheiro.

O caso revela a sofisticação e a abrangência do tráfico de animais silvestres no Brasil, destacando a importância das operações de combate a esse tipo de crime ambiental que ameaça a biodiversidade nacional.