Vítima de sequestro-relâmpago em SP revela trauma: 'Só quero apagar essa memória'
Vítima de sequestro-relâmpago em SP quer esquecer trauma

Ela mal tinha saído do carro quando tudo aconteceu. Num piscar de olhos, o que seria uma rápida parada para compras se transformou num pesadelo que, garante, vai carregar pelo resto da vida. O estacionamento do supermercado, aquela terça-feira aparentemente comum, virou palco de um crime que dura menos de cinco minutos mas deixa marcas para sempre.

"Ainda me tremo toda quando lembro", confessa a mulher, que prefere não se identificar. "Eram dois homens, surgiram do nada. Um deles me puxou pelo braço com tanta força que pensei que ia quebrar."

Minutos que pareceram horas

O relato é de quem viveu na pele a violência urbana que assombra tantos paulistanos. O sequestro-relâmpago — aquela modalidade de crime rápida, violenta e cada vez mais comum — aconteceu na Zona Leste da capital, num bairro que ela conhece como a palma da própria mão.

O que mais assusta? A naturalidade com que tudo se desenrolou. Os criminosos agiram com uma frieza que dá arrepios. Enquanto um a mantinha sob ameaça dentro do próprio veículo, o outro — imagine só — foi até o caixa eletrônico mais próximo sacar o que podia.

"Eles me devolveram os documentos, sabe? Como se isso fosse aliviar algo", comenta, com uma mistura de alívio e revolta na voz. "Mas o que eu quero mesmo é apagar essa memória da cabeça."

O after do trauma

Passado o susto inicial, vieram as consequências que ninguém vê. O medo de voltar ao mesmo lugar. O coração que acelera cada vez que precisa estacionar o carro. Aquele olhar desconfiado para qualquer pessoa que se aproxime demais.

Ela registrou boletim de ocorrência, é claro. A delegacia da região agora investiga o caso, mas — vamos combinar — as chances não são das melhores. Crimes assim, rápidos e impessoais, costumam ficar impunes.

"O pior é que você nunca mais se sente seguro", reflete. "Parece que perdeu uma inocência que nem sabia que tinha."

E a lição que fica?

Especialistas em segurança — aqueles que estudam esses casos — sempre alertam: atenção redobrada em estacionamentos. Mas será que algum conselho prepara alguém para o momento em que a teoria vira prática?

A vítima, agora mais experiente — ainda que à força —, deixa seu recado: "Não importa se é dia, se o lugar parece seguro, se você conhece a área. O perigo mora mesmo ao lado, e às vezes chega sem avisar."

Enquanto isso, ela tenta reconstruir a normalidade. Um dia de cada vez. Sem pressa. Afinal, trauma não tem prazo de validade — e superá-lo é uma jornada solitária.