
Era pra ser mais uma noite comum no bairro tranquilo de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Mas o que começou com estalos secos — que poderiam ser fogos de artifício — rapidamente se transformou num pesadelo. "Pensei que fosse brincadeira até ver as marcas das balas na parede", conta o motorista de caminhão, que prefere não se identificar.
Por volta das 23h de domingo (10), enquanto assistia TV na sala, ele ouviu o que descreveu como "uma sequência rápida, tipo pipoca estourando no microondas". Só quando viu os buracos na fachada entendeu: eram tiros. E muitos.
O segundo ataque
Menos de 20 minutos depois do susto, veio a cereja do bolo macabro. Ao sair para verificar os danos, deparou-se com labaredas altas consumindo seu instrumento de trabalho — um caminhão estacionado a poucos metros dali. "O cheiro de gasolina era forte, dava pra ver que foi de propósito", relata, ainda visivelmente abalado.
Os bombeiros chegaram rápido, mas não rápido o bastante. O veículo — único sustento da família — virou cinzas em questão de minutos. "Como vou trabalhar amanhã?", questiona, esfregando as mãos nervosamente. A pergunta, infelizmente, ainda não tem resposta.
Investigações em andamento
A Delegacia de Crimes Violentos assumiu o caso, mas até o momento as pistas são escassas. "Não recebi ameaças, não devo nada pra ninguém", insiste a vítima, enquanto agentes coletam cápsulas de projéteis no jardim.
Testemunhas relatam ter visto um carro escuro acelerando após os disparos, mas detalhes são vagos. "Na quebrada todo mundo vê, mas ninguém viu", comenta um vizinho sob condição de anonimato.
Enquanto isso, o motorista tenta entender o inexplicável: "Fico me perguntando se erraram o alvo... Ou se queriam me mandar algum recado". A dúvida, angustiante, ecoa entre as paredes marcadas de balas da casa que já não parece mais tão segura.