Porto Alegre investiga competição com prêmio em dinheiro para pichar viaduto histórico
Prefeitura descobre suposta competição para pichar viaduto

A Prefeitura de Porto Alegre está em alerta após descobrir indícios de uma suposta competição entre pichadores, com oferta de prêmio em dinheiro, para vandalizar o Viaduto Otávio Rocha, localizado no Centro Histórico da capital gaúcha. O monumento, que é um bem tombado pelo patrimônio histórico, encontra-se em fase final de revitalização e ainda não foi reinaugurado.

Monitoramento e medidas de proteção intensificados

Diante da ameaça, a administração pública reforçou a vigilância no local. A região está sendo monitorada por câmeras de segurança acopladas a um software de análise de comportamento, que gera alertas automáticos para a Guarda Municipal ao detectar movimentos suspeitos. Além disso, está sendo avaliada a instalação de um posto fixo da Guarda em uma das salas do próprio viaduto, com o objetivo de inibir ações criminosas e agilizar abordagens.

Por se tratar de uma estrutura protegida, o viaduto não pode receber a tinta antipichação comum. Como alternativa, uma película protetora especial está sendo aplicada nas superfícies. Esta tecnologia permite que eventuais pichações sejam removidas através de simples lavagem, preservando o patrimônio.

Comandante da Guarda Municipal lamenta e critica legislação

O comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento, expressou seu descontentamento com a situação. "Infelizmente, nós temos uma pequena parcela da sociedade que não sabe conviver com urbanidade, que não tem senso de convívio coletivo", afirmou. Ele destacou que a novidade no caso é o envolvimento de recursos financeiros, caracterizando uma suposta disputa incentivada.

"Acredito que durante a investigação de onde saiu esse informe, nós vamos poder descobrir quem é o financiador desse tipo de situação que, convenhamos, é vergonhoso", pontuou Nascimento. O planejamento de policiamento no local foi reavaliado para ampliar a vigilância após a descoberta da ameaça.

Multas são aplicadas, mas legislação é considerada branda

Os dados da corporação revelam que, somente em 2025, 104 pessoas foram autuadas por pichação em Porto Alegre. A penalidade aplicada é geralmente uma multa. Se não for paga, o nome do infrator é inscrito na dívida ativa do município. No entanto, a eficácia dessa medida é questionada: do total de autuados, apenas uma pessoa quitou a multa, no valor de cerca de R$ 5 mil, por vandalizar uma pista de skate da Orla do Guaíba.

O comandante Nascimento avalia que a legislação atual não é suficientemente rigorosa. "A nossa legislação, hoje, não é rigorosa a ponto de fazer com que o pichador se sinta intimidado a não cometer o crime", disse. Ele informou ainda não ter conhecimento de pessoas que tenham sido presas por pichação ou dano ao patrimônio na cidade.

O Viaduto Otávio Rocha, um importante ponto turístico e histórico, segue sob proteção reforçada enquanto conclui seu processo de restauração, aguardando a reinauguração que deve devolvê-lo à população livre dos ataques de vandalismo.