
A madrugada deste sábado em Bangu amanheceu marcada por sangue e pânico. Por volta das 3h30, os sons de fogos de artifício se revelaram o que realmente eram: tiros. Muitos tiros.
Edmilson da Silva Ferreira, 36 anos, estava chegando em casa depois de mais um dia de trabalho. Mal sabia ele que não voltaria para dentro vivo. Testemunhas contam que dois homens numa moto — aquela combinação sinistra que virou pesadelo nas periferias — chegaram silenciosamente e abriram fogo sem qualquer aviso.
A cena foi de terror absoluto. Pelo menos dez disparos ecoaram pela Rua São Januário, uma via normalmente tranquila no coração de Bangu. Vizinhos que dormiam acordaram sobressaltados, alguns pensando ser foguetes, outros já sabendo exatamente o que significava aquele barulho seco e repetitivo.
O que sobrou do crime
Quando a poeira baixou — ou melhor, quando os atiradores fugiram na moto —, Edmilson já estava caído na calçada. Ferimentos múltiplos por arma de fogo, diz o jargão policial. Na prática: seu corpo foi crivado de balas ali mesmo, a poucos metros do que deveria ser seu refúgio seguro.
O Samu chegou rápido, mas era tarde demais. Os paramédicos tentaram reanimá-lo, mas os ferimentos eram graves demais. Só restou constatar o óbito. A cena ficou para a polícia: fita amarela isolando a área, peritos coletando cápsulas de bala espalhadas pelo chão, vizinhos em choque tentando entender o inexplicável.
"A gente vive com medo constante", desabafa uma moradora que preferiu não se identificar. "Parece que não importa a hora, não importa o lugar. A morte chega de repente."
As perguntas que ficam
Quem era Edmilson? Por que escolheram justo ele? A polícia ainda não tem respostas — e talvez nunca tenha. A 15ª DP (Campo Grande) assumiu o caso e tenta reconstruir os últimos momentos da vítima. Investigadores buscam câmeras de segurança na região que possam ter captado a moto ou os executores.
Enquanto isso, na Rua São Januário, o sangue já foi lavado, mas o medo permanece. Resta uma família em luto, uma comunidade assustada e mais um nome na estatística brutal da violência carioca.
Uma tragédia comum demais no Rio de Janeiro. E por isso mesmo, tão trágica.