Uma discussão iniciada por uma diferença de R$ 30 no aluguel de cadeiras e um guarda-sol escalou para uma cena de violência na movimentada praia de Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco. Um casal de turistas empresários, Johnny Andrade e Cleiton Zanatta, naturais de Mato Grosso, foi agredido por um grupo de barraqueiros no último sábado (27). O incidente, registrado em vídeo por testemunhas, gerou uma série de ações das autoridades, incluindo a interdição do estabelecimento comercial.
Duas versões para o início da confusão
De acordo com o relato dos turistas ao g1, a situação começou quando eles foram abordados por um funcionário da Barraca da Maura. O combinado inicial, segundo o casal, era um custo de R$ 50 pelo uso do guarda-sol e das cadeiras, desde que não consumissem nenhum alimento no local. Como não fizeram nenhum pedido, esperavam pagar apenas esse valor. No entanto, na hora de acertar a conta, o preço foi alterado para R$ 80 sem qualquer aviso prévio, o que deu início a uma discussão acalorada.
Já os barraqueiros apresentam uma narrativa diferente. O garçom Erivaldo dos Santos afirmou que os valores estavam claros no cardápio: R$ 20 por cada cadeira e pelo guarda-sol. Segundo ele, os turistas usaram três cadeiras e um guarda-sol, além de consumirem duas águas de coco, totalizando os R$ 80. Erivaldo alega ainda que foi agredido primeiro por um dos turistas, que teria aplicado um golpe do tipo mata leão nele após se recusarem a pagar.
A escalada da violência e as consequências
O bate-boca rapidamente saiu do controle. Os turistas contam que foram cercados por aproximadamente 20 barraqueiros, que passaram a agredi-los com socos e pontapés. Johnny, que ficou com o rosto ferido, precisou ser retirado da praia por guarda-vidas e levado para atendimento médico. Ele recebeu cuidados na UPA de Porto de Galinhas e teve alta no mesmo dia.
Antes do hospital, o casal registrou um boletim de ocorrência na delegacia local. Johnny também criticou a falta de estrutura no balneário, relatando a necessidade de se deslocar entre a delegacia e duas unidades de saúde de aplicativo para conseguir fazer um exame de raio-X.
Investigação e medidas punitivas
Em resposta ao caso, as autoridades agiram rapidamente. Na segunda-feira (29), a Polícia Civil realizou uma operação em Porto de Galinhas para intimar os barraqueiros envolvidos. O governo estadual informou que pelo menos 14 pessoas já foram identificadas na confusão.
Também na segunda, a Prefeitura de Ipojuca determinou a interdição por uma semana da Barraca da Maura. Os funcionários diretamente envolvidos no episódio foram afastados de forma preventiva até o fim das investigações. A gestão municipal anunciou ainda o reforço da fiscalização na orla, com foco em coibir práticas irregulares como venda casada e exigência de consumação mínima, além de intensificar a vigilância sobre o cumprimento do Código de Defesa do Consumidor.
O caso reacende o debate sobre a relação com turistas em um dos destinos mais famosos do Nordeste e coloca em xeque as práticas comerciais adotadas por alguns estabelecimentos na praia.