A Câmara Municipal de Campo Grande decidiu convocar o secretário municipal de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga da Silva Assis, para prestar esclarecimentos sobre um incidente envolvendo a Guarda Civil Metropolitana (GCM). O fato ocorreu no último sábado, dia 29 de outubro, durante uma manifestação na capital sul-mato-grossense.
O que aconteceu durante o protesto
O episódio que gerou a convocação do secretário se deu durante um ato organizado por mães atípicas e motoentregadores na rua 14 de Julho, no Centro de Campo Grande. A manifestação coincidiu com a abertura da programação de Natal da cidade, chamada "Natal dos Sonhos".
A situação rapidamente saiu do controle, resultando em empurrões, pessoas feridas e até prisões. Imagens registradas no local mostram uma mulher sendo derrubada no chão por agentes e um homem sendo detido. A confusão foi registrada em vídeo e compartilhada com a imprensa.
Vítimas relatam violência e abuso de autoridade
Entre as pessoas atingidas está Elisângela Silva de Souza, de 43 anos. A mãe atípica, que aparece sendo jogada ao chão nas imagens, registrou um boletim de ocorrência. Ela relatou sofrer escoriações e dores devido à queda, mas destacou que a pior consequência foi não poder carregar o próprio filho. "A pior lesão é não poder pegar meu filho. Eu sou a mãe atípica que foi jogada no chão", afirmou.
Outro relato vem do professor Washington Alves Pagane, de 35 anos, um dos organizadores do ato. Ele foi detido durante a ação e alega que o próprio secretário Anderson Gonzaga acompanhava a operação e ordenou sua prisão após identificá-lo como um dos líderes do protesto.
Pagane contou que guardas avançaram contra manifestantes que estavam filmando a abordagem, confiscaram celulares e ameaçaram prender quem tentasse gravar. Ele afirma ter ficado três horas algemado a uma barra de ferro antes de ser levado para a delegacia da Polícia Civil. No total, dois homens foram presos durante o protesto, que reunia cerca de 40 pessoas, e foram liberados no dia seguinte.
Câmara convoca secretário e MPMS abre investigação
Diante da gravidade das acusações, o vereador Beto Avelar, líder do Executivo municipal na Câmara, confirmou a convocação. "Nós fizemos um ofício ao secretário e na próxima quinta-feira ele vai estar aqui às 8h para se posicionar sobre o que aconteceu", declarou Avelar ao g1. Até o fechamento da reportagem original, o secretário Anderson Gonzaga não havia se manifestado.
Paralelamente, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu, na terça-feira, dia 2 de novembro, um procedimento para investigar a atuação dos guardas municipais. A determinação partiu do promotor Douglas Oldegardo, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gaeco-Pol).
Em nota oficial, o MPMS informou que o procedimento está em fase inicial e que os esclarecimentos públicos serão dados no momento oportuno. O órgão ressaltou que acompanha o caso dentro de suas atribuições constitucionais de controle externo da atividade policial. O objetivo é apurar possíveis excessos cometidos pelos agentes públicos durante a contenção do protesto e nas abordagens que resultaram nas detenções.
O caso coloca em foco os métodos de atuação da Guarda Civil Metropolitana em manifestações e a responsabilidade dos gestores públicos que supervisionam tais operações. A sociedade aguarda os esclarecimentos prometidos pelo secretário à Câmara e o resultado da investigação conduzida pelo Ministério Público.