Um ex-policial militar foi condenado a 16 anos e 7 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato de um jovem de 19 anos dentro da Delegacia de Camocim, no Ceará. O crime, que chocou a cidade, ocorreu em fevereiro de 2022 e teve seu julgamento concluído na madrugada desta terça-feira (25).
O crime que abalou Camocim
George Tarick Vasconcelos de Oliveira, então integrante da Polícia Militar, matou Matheus Silva Cruz com mais de dez tiros dentro da unidade policial. O homicídio aconteceu após os dois terem se envolvido em uma discussão durante uma festa na cidade.
Na época do crime, o acusado estava de folga, mas aguardava na delegacia quando atacou a vítima. As câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais registraram momentos antes da tragédia, mostrando Matheus sendo perseguido por policiais, incluindo George Tarick.
Julgamento e condenação
O júri da 3ª Vara Criminal de Fortaleza considerou o crime como homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O julgamento começou na segunda-feira (24) e se estendeu até aproximadamente 1h da terça-feira (25).
Durante o processo, a defesa do ex-policial tentou justificar o assassinato alegando "violência emoção", mas os jurados não aceitaram essa tese. A assistência de acusação já anunciou que irá recorrer da decisão, buscando aumentar a pena aplicada ao condenado.
Consequências e repercussões
George Tarick foi demitido da Polícia Militar apenas em 2023, conforme decisão publicada no Diário Oficial do Estado em 1º de dezembro daquele ano. A Controladoria Geral de Disciplina destacou que sua conduta era incompatível com a função militar estadual.
Outros onze policiais militares que estavam de serviço no dia do crime foram investigados pela CGD. Oito deles foram absolvidos e três receberam punição de cinco dias de permanência disciplinar no quartel.
O pai da vítima, Eglício de Souza Cruz, relatou ao g1 os momentos de angústia que viveu após o crime. Ele recebeu uma ligação por volta das 2h do dia 6 de fevereiro de 2022 informando que o filho estava sendo espancado por PMs na orla da cidade.
Quando chegou ao local, encontrou Matheus detido em um carro da polícia, ensanguentado e vomitando. Os policiais prometeram levar o jovem para o hospital e depois para a delegacia, mas não cumpriram a promessa. Ao se dirigir à delegacia, Eglício encontrou uma multidão do lado de fora e soube através do pai de um amigo do filho que Matheus havia sido assassinado.
Matheus trabalhava no pet shop do pai como tosador e entregador, e segundo a família, não tinha antecedentes criminais. O comerciante desabafou: "Essa pessoa que matou o Matheus já se encontra presa e, por mim, passa o resto da vida dele preso lá. Não justifica ele ter matado o meu filho".