Policiais do Recife: menos de 30 dias de detenção por execução em comunidade
PMs do Recife: menos de 30 dias por execução

Era uma terça-feira comum no bairro de Santo Amaro, zona norte do Recife, quando a rotina foi quebrada por uma ação que chocaria a comunidade dali para frente. Dois policiais militares – cujos nomes foram mantidos sob sigilo – invadiram uma residência e executaram dois homens a tiros. O caso, que remonta a maio do ano passado, voltou à tona esta semana com um desfecho no mínimo polêmico.

A punição administrativa imposta pela própria Polícia Militra de Pernambuco? Apenas 25 e 20 dias de detenção, respectivamente. Uma penalidade que, para muitos, beira o simbólico – ou, quem sabe, uma afronta à justiça.

Os detalhes são graves, e é difícil não sentir um calafrio ao ler as acusações. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), os PMs teriam forjado uma versão de que os mortos – identificados como Ruan Gabriel e outro homem não nomeado – reagiam a uma abordagem. testemunhas, no entanto, contaram outra história: a de que os agentes simplesmente invadiram a casa e atiraram.

Uma investigação que não convence

O inquérito policial original arquivou o caso – algo que já soa estranho para qualquer um que acompanhe notícias de violência policial. Mas o MPPE não engoliu a versão. moveu uma ação penal contra os dois PMs, acusando-os de homicídio qualificado. E ainda entrou com uma ação civil por danos morais coletivos.

Enquanto isso, a Corregedoria da PM aplicou aquela puniçãozinha de menos de um mês de detenção. Vinte e cinco dias. Nem um mês completo. Você acredita nisso?

O que diz a defesa – e o que a comunidade sente

Os advogados dos policiais, é claro, defendem a legalidade da ação e falam em “estrito cumprimento do dever legal”. Mas moradores da região veem a cena de outro jeito: mais um capítulo de violência e impunidade em uma área já tão castigada pela falta do Estado.

E não para por aí. A filha de uma das vítimas entrou com um processo na Justiça, pedindo indenização por danos morais. Ela alega que a ação dos policiais foi “arbitrária, desumana e cruel”. Difícil discordar.

O caso segue em aberto na Justiça – enquanto a PM insiste em tratar como “caso encerrado” do ponto de vista disciplinar. Uma dissonância que ecoa como grito de desespero em um sistema que, muitas vezes, parece fechar os olhos para aqueles que deveriam proteger.

Enquanto isso, em Santo Amaro, a vida segue – com mais medo, menos confiança e a sensação amarga de que justiça, às vezes, é artigo de luxo.