PM invade escola infantil com metralhadora após reclamação sobre desenho de orixá
Um caso grave de violência policial chocou a comunidade escolar da capital paulista nesta segunda-feira, 17 de novembro de 2025. Quatro policiais militares invadiram a Escola Municipal de Educação Infantil Antônio Bento, localizada no bairro do Caxingui, zona oeste de São Paulo, portando uma metralhadora.
A ação ocorreu após o pai de uma aluna de 4 anos acionar o número de emergência 190 para reclamar sobre o conteúdo de uma atividade pedagógica que abordava orixás das religiões de matriz africana.
Abuso de poder e crianças assustadas
De acordo com relatos de testemunhas, os policiais demonstraram abuso de poder durante a intervenção na escola infantil. Uma mãe presente no local afirmou que os agentes assustaram crianças e funcionários com sua postura agressiva e presença armada.
O mais grave: a equipe enviada pela corporação não integrava a ronda escolar, que é especializada em atuação em ambiente educacional. A ocorrência foi registrada exatamente no horário em que a escola realizaria uma reunião do Conselho, para a qual o pai reclamante havia sido convidado, mas optou por não participar.
Na véspera do incidente, segundo relatos de responsáveis por estudantes, o mesmo homem já havia demonstrado descontentamento com a atividade pedagógica e chegou a rasgar um mural com trabalhos infantis exposto na escola.
Atividade pedagógica reconhecida
A atividade que gerou a controvérsia fazia referência ao livro infantil Ciranda em Aruanda, da autora Liu Olivina, uma obra adotada pela rede municipal e amplamente premiada no cenário educacional.
Segundo explicação da unidade escolar, as crianças ouviram a leitura da obra e, em seguida, produziram desenhos com base na narrativa. A publicação apresenta personagens do universo das religiões de matriz africana e compõe o acervo pedagógico recomendado pela Prefeitura de São Paulo.
A prefeitura municipal se manifestou sobre o caso, afirmando que a atividade faz parte de propostas pedagógicas que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena dentro do Currículo da Cidade de São Paulo, em conformidade com a legislação nacional.
Corregedoria da PM deve apurar conduta
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo emitiu nota informando que ambas as partes foram orientadas a registrar boletim de ocorrência, caso julgassem necessário. A pasta também afirmou que a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição para apurar eventuais denúncias sobre a conduta policial durante o incidente.
O caso ocorrido na Escola Municipal de Educação Infantil Antônio Bento levanta importantes questões sobre:
- Limites da atuação policial em ambientes educacionais
- Respeito à diversidade religiosa e cultural nas escolas
- Proteção de crianças em situações de conflito
- Cumprimento da lei que estabelece o ensino da cultura afro-brasileira
A comunidade escolar aguarda os desdobramentos das investigações sobre a conduta dos policiais militares envolvidos no caso.