A Polícia Civil de Goiás investiga uma grave acusação envolvendo um alto oficial da Polícia Militar. De acordo com o inquérito, o coronel Alessandro Regys Reis de Carvalho teria encomendado o assassinato de um empresário em Goiânia, prometendo uma promoção na carreira a um subordinado em troca do crime.
O crime e a possível motivação
O alvo foi o empresário Fabrício Lourenço Brasil, morto a tiros na noite do dia 4 de outubro, em frente à sua própria pastelaria. As imagens de segurança mostram a vítima, usando uma camiseta vermelha, sendo surpreendida por dois homens de capacete enquanto colocava o lixo para fora. Os atiradores efetuaram os disparos e fugiram rapidamente do local.
A investigação aponta que o crime pode ter sido motivado por vingança. Fabrício havia sido absolvido em uma ação penal por suposto estupro de uma parente do coronel Alessandro. Segundo a polícia, a absolvição teria gerado no militar o sentimento de que a justiça criminal não responsabilizaria o empresário, levando-o a supostamente ordenar o homicídio.
A investigação e as prisões
Com a quebra de sigilos, os investigadores descobriram suposta comunicação entre o coronel e o sargento Leneker Breno Campos Ayres. O inquérito aponta que Alessandro teria determinado a Leneker, seu subordinado, que providenciasse a morte, em troca da "deferência natural ao meio militar e possível promoção na carreira".
Na última quinta-feira, 4 de outubro, a polícia prendeu quatro suspeitos de envolvimento direto no crime:
- Leneker Breno Campos Ayres (policial militar)
- Tiago Lemes de Oliveira (policial militar)
- José Antônio Moreira dos Santos (acusado de coordenar a ação)
- Cleyton Souza Lima (segurança que teria dado suporte logístico)
Após o crime, os executores teriam se escondido em uma região de mata até serem recolhidos por José Antônio em uma caminhonete. A motocicleta usada no assassinato foi colocada na carroceria, coberta com uma lona, e levada para uma chácara em Nova Veneza. Todos os quatro presos tiveram a prisão temporária mantida pela Justiça após audiência de custódia.
As defesas e os posicionamentos
O g1 não conseguiu localizar a defesa do coronel Alessandro Regys Reis de Carvalho para se manifestar. O advogado do sargento Leneker, Júlio Mascarenhas, emitiu uma nota negando as acusações. A defesa afirmou que não há provas cabais da participação do seu cliente, apenas "meras ilações".
Sobre a suposta promessa de promoção, a defesa de Leneker classificou a informação como "completamente desfundada". O argumento é que as promoções na PMGO passam por uma comissão específica, da qual o coronel Alessandro não faz parte, tornando impossível cumprir tal promessa de forma individual.
A Polícia Militar do Estado de Goiás também se manifestou, afirmando que sua Corregedoria acompanhou o cumprimento dos mandados judiciais. Em nota, a instituição reforçou que os processos de promoção seguem critérios legais rígidos e que a corporação mantém seu compromisso com a ética, não tolerando condutas que fujam dos princípios institucionais. A PMGO declarou que permanece à disposição das autoridades, colaborando com as investigações.
A defesa de Tiago Lemes informou que só se manifestará durante o processo judicial. A reportagem não localizou os advogados de José Antônio e Cleyton.