Famílias desabafam após prisão de policiais no Conde: 'Não foi confronto, foi execução'
Famílias no Conde: 'Não foi confronto, foi execução'

O clima na pequena cidade do Conde, na Paraíba, está pesado. Não é pra menos. O que deveria ser mais um dia comum se transformou em pesadelo para várias famílias. Aquele tipo de coisa que você nunca espera que aconteça com alguém que você conhece — até acontecer.

Quatro jovens — sim, apenas rapazes — perderam a vida durante uma operação policial na última segunda-feira. E aqui vem o detalhe que corta como faca: segundo testemunhas e familiares, não houve confronto. Nada daquela história batida de 'troca de tiros'. Foi frio, calculado. Uma execução, nas palavras de quem viu de perto.

O outro lado da moeda

Enquanto a polícia falava em 'resistência seguida de morte', os parentes das vítimas mostravam fotos dos corpos — perfurações nas costas, na nuca. 'Como explica isso?', questionava uma mãe, com a voz embargada daquela raiva que só quem perde um filho injustamente conhece.

Dois policiais acabaram presos. Um alívio? Talvez um começo. Mas pra quem perdeu tudo, parece pouco. Bem pouco. 'Eles mataram meu irmão como se ele não fosse nada', desabafou uma irmã mais nova, segurando firme a camiseta que ele usava no último aniversário.

O que dizem as autoridades

O Ministério Público promete apuração rigorosa — aquela velha história que a gente já ouviu tantas vezes. O delegado geral da Polícia Civil falou em 'excesso' e 'conduta incompatível'. Palavras bonitas que não devolvem a vida de ninguém.

Enquanto isso, no bairro onde tudo aconteceu, o silêncio é diferente. Não é o silêncio da paz, mas aquele que vem depois do grito. O tipo de quietude que dói nos ouvidos.

Os vizinhos falam em medo. Medo da polícia, medo de sair na rua, medo de que isso aconteça de novo. 'A gente vive como se fosse culpado de algo', comenta um morador, olhando rápido por cima do ombro antes de fechar o portão.

E agora?

As investigações continuam — ou pelo menos é o que dizem. As famílias prometem não se calar. A comunidade se organiza. Velas, fotos, faixas. Aquele ritual triste que o Brasil conhece tão bem.

No meio de tudo isso, uma pergunta que não quer calar: quantos mais? Quantos casos como esse precisam acontecer até que algo mude de verdade? A resposta, infelizmente, parece estar longe de chegar.