Uruguaio confessa feminicídio por asfixia em Recife após briga com namorada
Uruguaio confessa feminicídio por asfixia em Recife

Um uruguaio de 44 anos confessou ter cometido feminicídio contra a namorada brasileira de 46 anos no Recife, após uma discussão que terminou em asfixia. O crime ocorreu nesta terça-feira (11) no apartamento do casal, localizado no Edifício Suape, na Avenida Conde da Boa Vista, região central da capital pernambucana.

Relacionamento marcado por violência

Segundo o delegado Mário Melo, responsável pelas investigações, Nestor Nicolas Branco e Lorena de Araújo Duarte mantinham um relacionamento instável desde novembro de 2024, quando se conheceram. O uruguaio havia chegado ao Brasil em junho do mesmo ano em busca de oportunidades de trabalho.

O delegado revelou que testemunhas confirmaram episódios anteriores de agressão contra a vítima. "Era um relacionamento conturbado devido a ciúmes dela, segundo ele. Dívidas financeiras também eram um problema", afirmou Mário Melo.

Os momentos finais

Nestor foi encontrado por policiais militares próximo à Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, apresentando-se atordoado, nervoso e com arranhões no peito e pescoço. Ao ser abordado, contou que havia brigado com a namorada e que ela aparentava estar mal.

Os policiais se deslocaram até o apartamento do casal e encontraram Lorena morta no chão do quarto. De acordo com o relato do suspeito, durante mais um conflito, ele deu um tapa na vítima, que sangrou. Na sequência, ela começou a revidar as agressões.

"Ele disse que tentou tampar o sangramento, tampar a boca dela, isso é um pouco confuso no relato. Depois, ele viu que ela não se mexia mais, nem os braços, nem as pernas", detalhou o delegado.

Histórico de reconciliações

O relacionamento era marcado por constantes idas e vindas. Lorena frequentemente proibia a entrada de Nestor no prédio onde morava, mas sempre voltava atrás na decisão. Em maio, o uruguaio chegou a se mudar para Maceió, separando-se da companheira.

"Ela foi atrás dele e, lá, se reconciliaram, passaram a morar juntos, se separaram novamente e se mudaram de volta para o Recife", contou o delegado.

A família de Lorena, natural de Parnaíba no Piauí, era contra o relacionamento e já havia aconselhado a vítima a procurar a polícia, sem sucesso. A irmã da falecida revelou que não foi a primeira vez que Lorena foi agredida, havendo episódios de violência registrados até mesmo em Maceió.

Consequências legais

Nestor Nicolas Branco foi autuado por feminicídio, crime cujas penas variam entre 20 e 40 anos de reclusão. De acordo com o delegado Mário Melo, o uso de asfixia pode aumentar a pena em um terço.

O corpo de Lorena apresentava coloração roxa devido à esganadura. A perícia deve confirmar se houve outras lesões além da asfixia que causou a morte.

Após ser autuado, o uruguaio foi encaminhado para audiência de custódia. O g1 tentou contato com o Tribunal de Justiça de Pernambuco para saber se o homem responderá em liberdade ou se teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

A defesa de Nestor Nicolas Branco também não foi localizada para se manifestar sobre o caso.