Um jovem de 27 anos foi preso preventivamente em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, acusado de utilizar transferências bancárias via Pix para enviar mensagens de ameaça ao seu ex-companheiro e aos avós dele. A vítima, de 31 anos, e os idosos, de 68 e 70 anos, foram forçados a mudar de estado em busca de proteção.
Campanha de terror após término do relacionamento
De acordo com a Polícia Civil, o detido, identificado como Jonatan Willian Santos Ribas, iniciou uma campanha de perseguição e intimidação após o fim de um relacionamento homoafetivo que durou seis meses. Após ser bloqueado em contatos telefônicos e redes sociais, ele passou a usar o sistema de pagamentos instantâneos para enviar ameaças.
O delegado Derick Moura Jorge, responsável pelo caso, detalhou que o comportamento abusivo incluiu perseguição no local de trabalho, com envio de fotografias tiradas à distância para intimidar, e ameaças reiteradas de morte. "O investigado afirmou que 'se não pudesse ficar com a vítima, ninguém mais ficaria", relatou o policial.
Família foge para outro estado com medo de violência
A gravidade da situação ficou evidente com a fuga emergencial da família. A vítima e seus avós abandonaram às pressas a residência onde viviam há décadas em Ponta Grossa e se mudaram para outro estado, dependendo do acolhimento de parentes. Outros familiares também alteraram suas rotinas por medo.
O investigado chegou a ir até a casa dos avós para fotografar a residência, demonstrando que conhecia o endereço e reforçando a seriedade das ameaças. Ele teria dito que "mataria toda a família" caso a vítima procurasse as autoridades, numa tentativa de impedir o acesso aos mecanismos de proteção do Estado.
Histórico criminal e prisão preventiva
Jonatan possui um histórico criminal considerado grave pelas autoridades. Ele é condenado definitivamente por homicídio qualificado e corrupção de menores, tendo cumprido 14 anos de prisão. No momento dos fatos, usava tornozeleira eletrônica há dois anos, em regime semiaberto.
A prisão preventiva foi decretada com o objetivo de interromper a escalada de violência. O jovem foi indiciado pelos crimes de violência doméstica, perseguição sistemática e ameaças de morte. O inquérito policial já foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público do Paraná, que agora avalia se formaliza a denúncia criminal.
O advogado de defesa de Jonatan informou, em nota, que ainda não teve acesso à íntegra da investigação e, por isso, não irá se manifestar sobre o caso no momento.
Caso é tratado como exemplo grave de violência doméstica
As autoridades reforçam que o caso é um exemplo grave de violência doméstica em um relacionamento homoafetivo. A prisão teve como finalidade proteger a vítima e os familiares idosos, preservar a instrução criminal e evitar crimes mais graves, inclusive um possível homicídio por motivo relacionado à orientação sexual da vítima.
O delegado Derick Moura Jorge destacou a necessidade de que vítimas LGBTQIAPN+ denunciem situações de ameaça, perseguição e agressão, buscando a proteção do Estado.
Denúncias de crimes no Paraná podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 197 (Polícia Civil) ou 181 (Disque-Denúncia). Em situações de perigo iminente, a Polícia Militar deve ser acionada pelo 190.