Um soldado da Polícia Militar do Ceará foi preso preventivamente nesta sexta-feira, 5, acusado de assassinar a ex-companheira, também militar, no município de Eusébio, região metropolitana de Fortaleza. Joaquim Filho teve sua prisão em flagrante convertida para preventiva após audiência de custódia, e o caso foi determinado sob segredo de justiça pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJCE).
Detalhes do crime e prisão do militar
O crime ocorreu na tarde da última quarta-feira, 3, durante uma discussão entre o casal. De acordo com a versão apresentada por Joaquim Filho à polícia, houve uma troca de tiros entre ele e Larissa Gomes da Silva, de 26 anos. Ambos foram atingidos durante a briga. Larissa foi baleada no abdômen e no tórax, enquanto Joaquim sofreu um ferimento na perna.
Os dois foram socorridos e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Eusébio, onde a morte da soldada foi confirmada. As armas utilizadas, conforme a Polícia Militar, pertencem à corporação e foram apreendidas no local. Joaquim foi preso na quinta-feira, 4, sob suspeita de feminicídio, e após receber alta médica, foi apresentado à Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar e Disciplina.
O militar foi autuado pelos crimes de feminicídio combinado com crime militar, uma vez que a conduta foi praticada por um militar da ativa contra outra. Após os procedimentos, ele foi transferido para o Presídio Militar, onde permanece recolhido.
Histórico de violência e sofrimento da vítima
Larissa Gomes e Joaquim Filho se conheceram durante o curso de formação da PM e estavam em um relacionamento há quatro anos. Testemunhas e familiares da vítima relataram que a convivência do casal era marcada por um histórico constante de agressões por parte do soldado.
Fabíola Paiva, mãe de Larissa, descreveu anos de terror vividos pela filha. Ela afirmou que Joaquim era extremamente agressivo e controlador, chegando a impedir o contato de Larissa com amigos e com seus três filhos pequenos, frutos de um relacionamento anterior. As crianças moram com a avó materna.
"Ele já deu tiro na garrafa dela, por ela estar conversando com um colega de trabalho. Foi tiro no sofá, já rasgou o colchão todinho de faca, tem tiro no chão da casa dela, a porta do apartamento tá toda quebrada, até o dente dela ele já quebrou", relatou a mãe, visivelmente abalada.
Em uma das agressões mais graves, Larissa teria sido atingida com coronhadas na cabeça. A jovem chegou a fotografar os ferimentos e enviar áudios para uma amiga contando o ocorrido. A mãe também revelou que, ao tentar denunciar o genro, foi ameaçada por ele, que tirou foto do seu apartamento e disse saber onde ela morava.
Vida interrompida e repercussão institucional
Larissa Gomes da Silva ingressou na Polícia Militar do Ceará em 2022. Colegas de farda e familiares a descreviam como uma pessoa "sonhadora, dedicada e assídua". Sua morte precoce, aos 26 anos, deixa três crianças órfãs e levanta novamente o debate sobre a violência doméstica, mesmo dentro de instituições como a polícia.
A audiência de custódia que determinou a prisão preventiva de Joaquim Filho foi realizada pelo 7º Núcleo Regional de Custódia e das Garantias, com sede em Maracanaú. O Tribunal de Justiça do Ceará informou que o processo seguirá em segredo de justiça.
O caso, que chocou a corporação e a comunidade local, segue sob investigação da Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar e Disciplina, que analisa as armas apreendidas e todas as informações colhidas no local do crime.