Feminicídio no Eusébio: policial militar mata companheira após discussão
Policial militar mata companheira em Eusébio, Ceará

Um caso de violência doméstica com desfecho trágico chocou a cidade de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, nesta semana. O soldado da Polícia Militar Joaquim Filho foi preso na quinta-feira, 4 de julho, suspeito de cometer feminicídio contra sua companheira, a também policial militar Larissa Gomes da Silva, de 26 anos.

Troca de tiros durante discussão termina em morte

A morte ocorreu na tarde da quarta-feira, dia 3 de julho, durante uma discussão entre o casal. De acordo com a versão apresentada por Joaquim Filho à polícia, houve uma troca de tiros entre eles, resultando em ferimentos em ambos. Larissa foi atingida por disparos no abdômen e no tórax, enquanto Joaquim levou um tiro na perna.

O casal foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Eusébio, mas os ferimentos de Larissa foram fatais. As duas armas utilizadas no confronto pertencem à corporação e foram apreendidas no local do crime para perícia.

Histórico de agressões e controle

O relacionamento de quatro anos entre Larissa e Joaquim, que se conheceram durante o curso de formação da PM, era marcado por violência. Familiares e amigos da vítima relataram um padrão de agressões e comportamento controlador por parte do militar.

Fabíola Paiva, mãe de Larissa, descreveu um longo histórico de violência. "Ele já deu tiro na garrafa dela, já deu tiro no sofá, rasgou o colchão com faca, tem tiro no chão da casa, quebrou o dente dela", afirmou. Em uma das agressões mais graves, a policial teria sofrido coronhadas na cabeça, registrando os ferimentos em fotos e áudios enviados a uma amiga.

Além das agressões físicas, Joaquim impedia o contato de Larissa com amigos e com seus três filhos pequenos, frutos de um relacionamento anterior. A mãe da vítima também relatou ter sido ameaçada pelo genro quando tentou denunciar as violências.

Processo legal e prisão do acusado

Após receber alta médica, Joaquim Filho foi apresentado à Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar e Disciplina. Ele foi autuado pelos crimes de feminicídio, combinado com crime militar, uma vez que a conduta foi praticada por um militar da ativa contra outra.

O soldado foi transferido para o Presídio Militar, onde permanece recolhido à disposição da Justiça. A Polícia Militar informou que todos os elementos do caso, incluindo as armas apreendidas, serão encaminhados para a investigação da coordenadoria competente.

Larissa Gomes, que ingressou na PM do Ceará em 2022, era descrita por colegas e familiares como uma pessoa sonhadora, dedicada e assídua. Ela deixa três filhos órfãos, e o caso reacende o debate sobre violência doméstica e a necessidade de mecanismos de proteção mais eficazes, mesmo dentro das instituições.