Casal é preso por torturar filhos em Jundiaí
Um engenheiro de 43 anos e uma enfermeira de 36 anos foram presos na última quarta-feira (12) sob suspeita de praticar violência doméstica contra os próprios filhos em Jundiaí, cidade localizada a aproximadamente 60 km de São Paulo. As duas crianças, de 8 e 10 anos, encontram-se internadas no Hospital Universitário de Jundiaí, enquanto a filha mais nova do casal, de apenas 5 anos, foi encaminhada para um abrigo transitório pelo Conselho Tutelar.
Denúncia revela tortura sistemática
O caso veio à tona após uma funcionária do Fórum de Jundiaí alertar uma conselheira tutelar sobre possíveis agressões físicas sofridas pelo filho mais velho do casal. As lesões eram tão graves que a criança havia se recusado a ir à escola. A conselheira tutelar foi até a instituição de ensino e encontrou o menino visivelmente machucado, sendo acompanhado por uma equipe pedagógica e um funcionário da Secretaria de Educação municipal.
Questionado sobre suas feridas, a criança revelou que a mãe utilizava uma raquete para bater nele e que os castigos físicos eram diários e recorrentes. O menino descreveu um cenário de tortura: era obrigado a permanecer durante a noite em "posição de flexão, apenas de roupa íntima, trancado em um escritório, sem alimentação adequada, por punição, e sem poder dormir". A vítima ainda afirmou que ficou sem banho por 15 dias consecutivos.
Irmão confirma agressões e pais negam
O irmão de 8 anos confirmou o relatório de violência, mostrando à conselheira tutelar cicatrizes antigas que teriam sido causadas por agressões anteriores. Segundo o boletim de ocorrência registrado no plantão do 1º Distrito Policial da cidade, "a vítima informou que o pai tinha conhecimento das agressões e, por vezes, também participava das mesmas".
Durante a abordagem, os pais mantiveram-se calmos, sem demonstrar reação emocional ou arrependimento, negando consistentemente todos os fatos. A única preocupação manifestada pela mãe relacionava-se à possibilidade de visitas e à rotina após o afastamento das crianças.
Exame médico comprova gravidade
Durante o atendimento médico, o menino reafirmou as agressões, detalhando que "a mãe batia com raquete, arrancava seus cabelos, apertava sua genitália, e já havia quebrado uma garrafa em seu braço, provocando sangramento". O exame clínico realizado pelo médico constatou múltiplas fraturas e alterações abdominais, sendo solicitada uma ultrassonografia para avaliação complementar.
Na audiência de custódia, a Justiça manteve a prisão do casal, que foi preso em flagrante sem direito a fiança. O delegado Elvis Rodrigues Rocha fundamentou a decisão no boletim de ocorrência: "Apesar de conduzidos negarem os fatos, neste momento de cognição sumaríssima, reputo que há indícios suficientes de autoria e materialidade da infração penal de maus-tratos".
A reportagem não conseguiu estabelecer contato com a defesa dos suspeitos para obter versão sobre os acontecimentos.