'Disse que eu estava alucinando': Paciente relata abuso sexual durante procedimento odontológico em Jundiaí
Paciente denuncia dentista por abuso sexual em Jundiaí

Imagine você acordar de um procedimento odontológico com a nítida e perturbadora sensação de que algo muito errado aconteceu. Foi exatamente isso que uma jovem de 27 anos viveu num consultório de Jundiaí, e a história que ela conta é de arrepiar.

Ela chegou lá para fazer um canal, um tratamento que já é tenso por natureza, ainda mais com a tal sedação consciente. Acontece que, no meio do procedimento, a coisa toda tomou um rumo completamente inesperado e assustador. A paciente, que prefere não ter o nome divulgado – e quem pode culpá-la? –, alega que o dentista, um tal de Fábio Henrique Prado, ultrapassou todos os limites do profissionalismo e da decência.

O pior veio depois, quando ela tentou buscar uma explicação. Em vez de qualquer tipo de acolhimento, ouviu do próprio profissional que estaria "alucinando" por causa dos medicamentos. Conveniente, não? Descredibilizar a vítima é um clássico playbook de quem comete esse tipo de violência.

O relato detalhado da vítima

Ela descreve, com uma clareza que corta como vidro, toques íntimos e completamente inadequados durante o tempo em que estava sob o efeito da sedação. A sensação de impotência é algo que fica marcado na pele. Você está ali, vulnerável, confiando que a pessoa do jaleco branco vai cuidar de você, e ela usa essa posição de poder para te violar. É de uma perversidade sem tamanho.

Não contente em apenas negar, o dentista ainda tentou uma manobra no mínimo esquisita: ofereceu fazer o restante do tratamento de graça. Como se dinheiro fosse apagar a violência do que aconteceu. A moça, é claro, recusou na hora. Coragem que muita gente nem teria.

A delegacia da mulher entrou no caso

Ela não ficou quieta. Foi direto na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Jundiaí e botou a boca no trombone – com todo o direito. Registrou um boletim de ocorrência, detalhando todo o horror que passou naquela cadeira odontológica. A polícia, então, abriu uma investigação para apurar a fundo a denúncia. O delegado titular, José Carlos de Oliveira, confirmou que o tal Fábio Henrique vai ter que prestar esclarecimentos. A defesa do dentista, por outro lado, soltou aquele comunicado padrão, cheio de juridiquês, dizendo que ele nega tudo e que vai colaborar com a investigação. Até aí, tudo previsível.

O Conselho Regional de Odontologia (CRO-SP) também foi acionado e abriu um processo ético-profissional. Isso pode custar muito caro para o dentista, podendo ir desde uma advertência até a cassação do diploma. Tomara que a justiça, tanto a criminal quanto a ética, funcione.

Esse caso escancara, mais uma vez, a vulnerabilidade extrema de um paciente sob sedação. Aquele momento em que você entrega seu corpo, confiando cegamente no profissional. E o que deveria ser um local de cuidado se transforma num palco de trauma. A dor de um tratamento dentário vai embora. A lembrança de um abuso? Essa fica para sempre.