A Polícia Civil do estado de São Paulo iniciou nesta terça-feira, 30 de dezembro de 2025, uma grande operação para combater a violência doméstica e familiar contra mulheres. Batizada de Operação Ano Novo, Vida Nova, a ação tem como objetivo principal cumprir mandados de prisão contra agressores em todo o território paulista.
Mobilização em grande escala
Para garantir o sucesso da iniciativa, a corporação destacou um efetivo impressionante: 1,7 mil policiais civis e mais de mil viaturas foram distribuídos por todas as regiões do estado. A operação é coordenada em conjunto pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) e pela Secretaria de Políticas para a Mulher.
As prisões começaram na segunda-feira, 29 de dezembro, com a execução de 225 mandados de prisão em um só dia. A delegada Cristiane Braga, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), que atuam diretamente na ação, enviou uma mensagem clara: "É a resposta para os agressores que imaginavam que poderiam ficar na impunidade".
Compromisso do Estado e contexto alarmante
O secretário da Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, reforçou a importância da medida. "A prisão de agressores é uma medida fundamental para preservar vidas, garantir dignidade e demonstrar que o Estado atua de forma firme e coordenada contra a violência doméstica", afirmou.
A secretária de Políticas para a Mulher, Adriana Liporoni, destacou o caráter preventivo e protetivo da operação: "Queremos encerrar o ano com mais vidas protegidas, porque cada agressor capturado significa mais uma família livre da violência".
A ação ocorre em um momento crítico. A capital paulista registra em 2025 o maior número de feminicídios desde o início da série histórica, em abril de 2015. O feminicídio, crime hediondo com pena de 12 a 30 anos de reclusão, é a expressão máxima da violência de gênero e frequentemente é o desfecho trágico de um histórico de agressões.
Caso emblemático que chocou a capital
Um dos casos que ganhou grande repercussão e ilustra a gravidade da situação foi o de Tainara Souza Santos, de 31 anos. Ela foi vítima de um atropelamento brutal na Marginal Tietê no final de novembro, sendo arrastada presa ao veículo por cerca de um quilômetro, o que causou severas mutilações em suas pernas.
Após passar por cirurgias, Tainara não resistiu e faleceu na noite de 24 de dezembro, deixando dois filhos órfãos. O autor, Douglas Alves da Silva, foi preso no dia seguinte ao crime. O delegado Fernando Barbosa Bossa, responsável pela investigação, classificou o ato como tentativa de feminicídio com requintes de crueldade.
"A motivação dele foi simplesmente porque ele não aceitava um término, aquela sensação de posse, em um total desprezo à condição de gênero e de mulher", explicou o delegado. As investigações apontaram que Douglas teve um relacionamento breve com a vítima.
A Operação Ano Novo, Vida Nova envolve, além das DDMs, todos os Departamentos de Polícia Judiciária do Interior e todas as seccionais do Departamento de Polícia Judiciária da Capital, demonstrando um esforço integrado para frear a violência e iniciar o novo ano com mais segurança para as mulheres paulistas.