Uma tragédia anunciada marcou o domingo (23) em Sinop, cidade localizada a 503 km de Cuiabá. Gislaine Ferreira da Silva, de 33 anos, foi brutalmente assassinada a facadas pelo próprio companheiro, horas após ter dispensado ajuda policial durante uma discussão conjugal.
A tentativa frustrada de ajuda
Por volta das 2h40 da madrugada de domingo, a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de discussão doméstica. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram Gislaine atirando ferramentas do marido na rua. A mulher afirmou que não havia sofrido agressões físicas, apenas uma discussão motivada pela descoberta de uma traição.
Os agentes orientaram a vítima a registrar um boletim de ocorrência e solicitar uma medida protetiva, já que não foram identificados sinais de lesões em seu corpo. A equipe tentou localizar o companheiro de Gislaine no local, mas ele não foi encontrado naquele momento.
O desfecho trágico
Menos de duas horas depois, às 4h10, a polícia retornou ao mesmo endereço, desta vez com informações de que havia uma vítima esfaqueada. O cenário era completamente diferente: os policiais encontraram Gislaine caída no chão, com múltiplas perfurações, enquanto o suspeito estava ferido na cabeça ao lado dela.
Uma testemunha que morava em um dos quartos da residência relatou à polícia que presenciou o homem chegando, iniciando uma discussão e partindo para a agressão física, com chutes e socos. Moradores tentaram separar a briga, mas o agressor entrou na casa, pegou uma faca e retornou para atacar a vítima.
A tentativa de impedir o crime
A testemunha tentou intervir no ataque e quase foi atingida. Em um ato desesperado, correu até o quintal, pegou um pé de cabra e golpeou o agressor na cabeça, fazendo com que ele desmaiasse. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas Gislaine já estava sem sinais vitais quando a ajuda chegou.
O suspeito foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento, onde permaneceu em observação. Durante o atendimento, a polícia encontrou dois celulares em seu bolso. A testemunha que tentou impedir o crime foi encaminhada à delegacia para prestar depoimento.
Contexto alarmante
A Polícia Civil revelou que Gislaine e o suspeito moravam em uma pensão e já tinham histórico de discussões anteriores. O caso ganha dimensão ainda mais preocupante quando analisado sob a perspectiva dos números oficiais.
Segundo o Ministério Público de Mato Grosso, o estado registrou 50 feminicídios desde o início do ano, sendo cinco apenas em Sinop. Se a morte de Gislaine for confirmada como feminicídio, esses números subirão para 51 em Mato Grosso e seis no município.
A tragédia reforça a importância de mecanismos de proteção como o aplicativo 'SOS Mulher MT', que conta com um botão do pânico para situações de emergência quando o agressor descumpre medida protetiva. A Polícia Civil continua investigando todas as circunstâncias do caso.