
O que era para ser um lugar de paz, o próprio lar, transformou-se no palco de uma cena de horror difícil de sequer imaginar. Na tarde de quarta-feira (20), um apartamento no município de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi cenário de uma brutalidade que vai marcar para sempre a vida de duas crianças.
Vânia Santos, uma contadora de 38 anos conhecida pelo profissionalismo e dedicação à família, foi assassinada de maneira fria e calculista. A arma do crime? Uma marreta. Os golpes foram desferidos com uma violência que estremece qualquer um que ouve os detalhes – e o pior de tudo é que não foi num lugar qualquer, longe de olhares. Suas duas filhas, uma garotinha de apenas 5 anos e uma adolescente de 12, viram tudo. Presenciaram o fim da própria mãe. Como é possível seguir depois disso? A pergunta fica no ar, ecoando no vazio que a violência deixa.
O cenário do crime, de acordo com as primeiras informações da polícia, não apontava para arrombamento. Isso levanta uma série de questionamentos assustadores. Será que a vítima conhecia o autor? Alguém com quem ela tinha algum tipo de vínculo? A delegada responsável pelo caso, que preferiu não ser identificada, foi direta: "A natureza dos ferimentos e a ferocidade do ataque falam por si. Isso foi pessoal. Foi ódio".
As Crianças: As Verdadeiras Vítimas Invisíveis
Enquanto a polícia corre contra o tempo para encontrar pistas e prender quem fez isso, a atenção – ou deveria ser – se volta completamente para as duas meninas. Elas foram levadas para um hospital local, mas não por ferimentos físicos. O trauma, esse sim, é uma ferida profunda e invisível que vai demandar anos, talvez uma vida inteira, de acompanhamento psicológico especializado.
Parentes, em estado de choque absoluto, já se mobilizam para assumir a guarda das crianças. A família extensa tenta, de alguma forma, criar um colo onde agora só há desespero. "Ela era uma guerreira, uma mãe dedicadíssima. Viveu para dar um futuro melhor para essas meninas", contou uma tia, com a voz embargada, sem conseguir conter o pranto.
A vizinhança, claro, está em polvorosa. Aquele medo básico, primordial, de que a violência bateu à porta do lado e poderia muito bem ser na sua. O silêncio no condomínio agora é pesado, cortado por sussurros e especulações. Ninguém ouviu gritos? Nada suspeito? Essas são as perguntas que todos fazem, mas ninguém tem a resposta.
E Agora, José?
O caso agora está nas mãos da Delegacia de Homicídios. Eles trabalham com algumas linhas de investigação, mas é cedo para apontar qualquer direção concreta. O que se sabe é que a vítima tinha uma vida aparentemente comum, trabalhava muito e era centrada nas filhas. Não havia registros de ameaças ou conflitos aparentes naquele prédio.
Mas aí é que tá. A violência contra a mulher, especialmente a doméstica, raramente anuncia sua chegada com estrondo. Ela vai se instalando silenciosamente, até explodir de forma catastrófica. Este caso, com sua dose extra de crueldade e a presença das crianças, é um daqueles que deveria servir de alerta máximo para a sociedade. Até quando?
Enquanto o autor estiver solto, uma sensação de injustiça e insegurança vai pairar sobre todos. A esperança é que as investigações avancem rápido, pela memória de Vânia e, principalmente, pelo futuro dessas duas crianças que tiveram a infância roubada de forma tão violenta e definitiva.