Vídeo de pedágio revela feminicídio disfarçado de acidente na MG-050
Homem confessa crime após vídeo mostrar vítima desacordada

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga um caso que chocou a região de Itaúna: a morte de uma mulher, inicialmente registrada como acidente de trânsito, foi na verdade um feminicídio disfarçado. O suspeito, Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, confessou na noite de segunda-feira, 15 de janeiro, ter assassinado a namorada, Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, e forjado uma colisão na rodovia MG-050 para encobrir o crime ocorrido no domingo, 14.

O vídeo decisivo do pedágio

O elemento que mudou completamente o rumo da investigação foram as imagens de uma câmera de pedágio. Gravadas às 5h56 de domingo, poucos minutos antes do suposto acidente, as filmagens mostram Henay já inconsciente no banco do motorista, enquanto Alison, sentado no lugar do passageiro, estica o corpo para alcançar e controlar o volante de forma improvisada.

A situação foi tão anormal que chamou a atenção da atendente do pedágio, que questionou se estava tudo bem. Alison alegou que a companheira estava passando mal. Mesmo com a sugestão da funcionária para parar e buscar atendimento, o suspeito seguiu viagem. Aproximadamente nove minutos depois, no km 90 da MG-050, o carro invadiu a contramão em uma curva e colidiu frontalmente com um micro-ônibus de turismo. A morte de Henay foi constatada no local.

Inconsistências e a prisão no velório

Além do vídeo, os investigadores identificaram contradições graves entre a dinâmica da batida e as lesões no corpo da vítima. Perícias preliminares indicaram que os ferimentos não eram compatíveis apenas com o impacto da colisão, levantando a suspeita de que Henay já estivesse morta ou inconsciente antes do choque.

O comportamento do suspeito após o ocorrido também gerou desconfiança. Testemunhas relataram à polícia que Alison apresentava arranhões no rosto, suor excessivo e trocou de roupa nas horas seguintes. Durante o velório da vítima, em Divinópolis, foram observadas marcas em seu corpo compatíveis com agressões anteriores.

Diante do conjunto de provas, a Polícia Civil decidiu pela prisão de Alison durante o próprio velório de Henay, na manhã de segunda-feira. Ele não reagiu à abordagem. Os celulares do casal foram apreendidos para análise, e o sepultamento foi adiado para permitir uma nova perícia no corpo.

Confissão e investigação de feminicídio

Confrontado com as evidências, Alison acabou confessando o crime ao delegado responsável. A defesa do suspeito, por meio do advogado Michael Guilhermino, confirmou a informação ao g1 e afirmou que ele colaboraria integralmente com as investigações.

A polícia agora trabalha com a hipótese de feminicídio e investiga um possível histórico de violência doméstica no relacionamento do casal. Mensagens, fotografias e registros médicos estão sendo analisados para compor o contexto do crime. O caso, que começou como um registro de acidente de trânsito para a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), foi reclassificado e é tratado oficialmente como homicídio doloso.

A Polícia Civil aguarda o resultado final da necropsia e a conclusão dos depoimentos para dar andamento ao inquérito.