Marchas emocionantes marcam protesto contra feminicídio no interior paulista
Neste sábado (29), as cidades de Itararé e Piraju, no interior de São Paulo, foram palco de emocionantes homenagens às vítimas de feminicídio Raquel de Oliveira Lima, de 26 anos, e Camilla Silva, de 32 anos. As duas mulheres foram brutalmente assassinadas em crimes que chocaram suas comunidades.
Tragédia em Itararé: Raquel é esfaqueada pelo ex-namorado
Raquel de Oliveira Lima foi morta a facadas na quinta-feira (27) pelo ex-namorado, João Carlos Rodrigues de Lima, de 21 anos. O crime aconteceu em plena via pública, diante do próprio filho da vítima. Imagens obtidas pelo g1 mostram o momento em que Raquel caminhava pela calçada e foi surpreendida por trás pelo agressor.
De acordo com o boletim de ocorrência, o autor confessou ter cometido o crime porque Raquel não aceitou se casar com ele. João Carlos já havia ameaçado matá-la caso ela recusasse a proposta de casamento. Após o assassinato, o homem fotografou o corpo da vítima e divulgou a imagem em um grupo de rede social da igreja que ambos frequentavam.
O agressor teve sua prisão temporária convertida para preventiva na sexta-feira (28) e permanece detido em Itararé.
Homenagem emocionada reúne 50 pessoas em Itararé
Neste sábado (29), às 10h, o corpo de Raquel foi sepultado no cemitério municipal de Itararé. Cerca de 50 pessoas, incluindo familiares, amigos e membros da igreja evangélica que a vítima frequentava, participaram do cortejo carregando faixas em homenagem à jovem.
A Guarda Civil Municipal prestou apoio ao movimento realizando escolta durante todo o trajeto. O cortejo transformou-se em um ato de protesto contra a violência doméstica que tem tirado a vida de mulheres em todo o país.
Piraju se mobiliza em marcha contra feminicídio
Na mesma data, Piraju realizou a 1ª Marcha Contra o Feminicídio em homenagem a Camilla Silva. O evento foi organizado pela Rede de Apoio Às Meninas e Mulheres de Piraju (Ramp) e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
A concentração começou no Centro da cidade e seguiu até a sede da Ramp. Camilla e seu pai, Paulo Sérgio Silva, foram mortos a facadas no dia 21 de novembro por Leonardo Silva, marido da vítima e policial militar.
O crime aconteceu durante uma discussão familiar. O agressor acabou morto a tiros por outros policiais militares que compareceram ao local. A mãe de Camilla conseguiu se trancar em um quarto para fugir do genro durante o ataque, mas precisou de atendimento médico após o ocorrido devido ao choque emocional.
Comunidade ainda em choque com as tragédias
Fabiana Basili Dias, de 43 anos, integrante da Ramp, relatou que o caso de Camilla chocou profundamente a comunidade. "É um caso que foi muito chocante. As pessoas ficaram bem emocionadas, eles eram bem conhecidos. A gente viu bastante indignação", afirmou.
Renan Freire, presidente do PCdoB de Piraju e afilhado da tia-avó de Camilla, emocionou-se ao lembrar da vítima: "Foi algo inesperado o que aconteceu com a Camilla. Nem sempre acontecem manifestações em Piraju, mas isso abalou a cidade".
Freire acrescentou que cresceu junto com Camilla e que a mãe dela segue em estado de choque. "A gente sempre estava junto. A mãe dela segue em choque. Tá todo mundo ainda sem palavras", desabafou.
Rede de apoio promete continuar lutando
A Ramp existe há aproximadamente quatro anos em Piraju, prestando atendimento gratuito nas áreas psicológica, terapêutica, médica e jurídica para mulheres. Segundo Fabiana, a intenção é dar continuidade à marcha anual para chamar atenção sobre a prevenção ao feminicídio.
Os protestos deste sábado representam um grito coletivo por justiça e um alerta sobre a urgência de medidas eficazes no combate à violência contra a mulher no interior paulista e em todo o Brasil.