
Ela segurou o celular com as mãos trêmulas, a tela rachada um reflexo do que havia acontecido horas antes. Dessa vez, não dava mais para calar. Não dava mais para esconder as marcas roxas no braço, o lábio inchado, o medo que parecia ter se instalado de vez dentro dela. A cantora Rayane Alves, 28 anos, resolveu quebrar o silêncio — e o que veio à tona é um daqueles casos que dão nó no estômago de qualquer um.
Numa noite que deveria ser como qualquer outra, no apartamento que dividiam em Goiânia, a discussão começou por algo bobo. Quem já não viveu isso? Mas daí para a violência explodir foi um pulo. O parceiro, que também é músico e integra uma dupla sertaneja local — cujo nome ela ainda evita citar com medo de represálias —, teria perdido completamente a cabeça.
Não foram tapas. Não foi um empurrão. Foi uma surra violenta, desproporcional, que a deixou com hematomas pelo corpo, dores fortes e, pior que tudo, a sensação nítida de que poderia ter sido a última.
O relato: “Pensei que não fosse sair viva”
Em depoimento à polícia, Rayane contou que a agressão foi tão intensa que ela chegou a temer pela própria vida. “Ele me jogou no chão, bateu na minha cabeça, me puxou pelos cabelos… Gritava que eu não valia nada”, desabafou, ainda abalada. Sim, é pesado ler. Imagina viver.
E o pior? Não foi a primeira vez. Acontece que muitas vítimas de violência doméstica acabam normalizando situações assim — seja por dependência emocional, financeira, ou simplesmente pelo cansaço de lutar. Rayane admitiu que já havia sofrido ameaças e humilhações antes, mas nada comparado ao que ocorreu naquela noite.
A ficha caiu no hospital
Foi só no pronto-socorro, ao ser examinada, que a dimensão do que aconteceu bateu de verdade. Os médicos alertaram: além dos ferimentos aparentes, havia risco de concussão. “A enfermeira me olhou nos olhos e disse: ‘Você precisa denunciar’.” E foi o que ela fez.
O caso agora está nas mãos da Delegacia de Proteção à Mulher de Goiânia. Laudos médicos foram anexados ao inquérito, e imagens de câmeras de segurança do prédio onde moram devem ser requisitadas. A polícia já confirmou que está procurando o agressor para ouvi-lo.
E a dupla sertaneja?
Bom, aqui a coisa fica ainda mais espinhosa. A dupla em questão tem certa visibilidade regional — e, como era de se esperar, o caso começou a vazar nas redes sociais. Fãs divididos, alguns apoiando a cantora, outros duvidando da história. Ah, as redes sociais… terra de ninguém e de todo mundo ao mesmo tempo.
Procurado, o empresário do grupo evitou comentar o caso diretamente, limitando-se a dizer que “aguarda os desdobramentos legais”. Conveniente, não? Enquanto isso, Rayane segue tentando reconstruir a própria vida — longe dos holofotes, longe do medo, e (quem dera) longe de quem um dia jurou amá-la.
Uma história triste, repetida à exaustão, mas que não pode jamais ser ignorada. Violência doméstica é crime. E silêncio, muitas vezes, só faz o agressor se sentir mais forte.