
Imagine um objeto tão simples quanto um banco de praça, mas carregado de um significado tão profundo que pode mudar vidas. Foi exatamente isso que aconteceu em Santa Catarina, onde o primeiro banco vermelho do estado foi instalado — e a história por trás dele é de arrepiar.
Não é apenas uma peça de mobiliário urbano. Esse banco, pintado de vermelho-sangue, é um grito silencioso contra a violência doméstica. Uma homenagem às mulheres que perderam a vida para a brutalidade de seus parceiros. E, ao mesmo tempo, um lembrete doloroso de que ainda temos um longo caminho pela frente.
Por que vermelho?
A cor não foi escolhida por acaso. Vermelho como o sangue derramado, como a dor invisível, como a urgência de agir. O projeto, que já percorreu várias cidades brasileiras, finalmente chegou a SC — e a escolha do local não poderia ser mais simbólica.
Instalado em frente ao Fórum de Itajaí, o banco fica exatamente onde as vítimas costumam esperar por audiências. Um lugar de espera que agora também é de reflexão. Quem senta ali, dificilmente sai indiferente.
Os números que doem
Enquanto você lê isso:
- A cada 7 minutos, uma mulher é agredida no Brasil
- Santa Catarina ocupa o 12° lugar no ranking nacional de feminicídios
- 58% das vítimas nunca haviam feito denúncia anterior
Dados como esses — frios na página, mas ardentes na realidade — são o combustível por trás da iniciativa. O banco vem acompanhado de uma placa com números de disque-denúncia, porque conscientização sem ação é como um grito no vácuo.
Mais que simbolismo
"Ah, mas é só um banco pintado", alguns podem pensar. Engano grosseiro. Projetos assim têm um poder subestimado de mexer com o imaginário coletivo. Funcionam como:
- Um memorial vivo para as vítimas
- Um instrumento pedagógico ao ar livre
- Um ponto de partida para conversas difíceis
E o melhor? Qualquer cidade pode replicar a ideia. Basta coragem — e tinta vermelha.
Enquanto o banco permanecer ali, vermelho como alerta, talvez menos mulheres precisem se tornar estatística. Essa é a esperança, pelo menos. Porque no fim das contas, nenhum banco — por mais simbólico que seja — substitui políticas públicas eficientes. Mas enquanto elas não chegam, iniciativas como essa mantêm a chama acesa.