
Era pra ser mais um dia comum em Venturosa, no interior de Pernambuco. Mas o que aconteceu na tarde desta segunda-feira (28) vai deixar marcas profundas na pequena cidade do agreste. Uma adolescente de apenas 14 anos — vamos chamá-la de Ana, porque nomes importam — teve a vida interrompida de forma brutal pelo homem que deveria protegê-la.
Segundo testemunhas, o crime aconteceu por volta das 15h, quando o suspeito, identificado como o namorado da vítima, teria chegado armado na casa da família. "Ele já vinha com histórico de ameaças", contou uma vizinha que preferiu não se identificar. "Mas ninguém imaginava que fosse chegar a esse ponto."
O que se sabe até agora:
- A vítima recebeu vários disparos à queima-roupa
- O suspeito fugiu do local, mas foi capturado horas depois
- Os dois mantinham um relacionamento há cerca de 6 meses
- Há relatos de que a família já havia registrado ocorrências anteriores contra o agressor
O delegado responsável pelo caso — que pediu pra não ser identificado porque a investigação ainda está em andamento — disse que o crime tem todas as características de feminicídio. "É um caso clássico de violência doméstica que escalou para o pior desfecho possível", comentou, visivelmente abalado.
Enquanto isso, na pracinha central de Venturosa, o clima é de choque e indignação. "Ela era uma menina tão doce", lembra Dona Maria, dona de uma banca de doces perto da escola onde a vítima estudava. "Sempre comprava um brigadeiro antes da aula. Como pode acontecer uma coisa dessas?"
Números que assustam
Esse caso lamentável não é isolado. Só este ano, Pernambuco já registrou mais de 30 feminicídios — e estamos apenas no sétimo mês. Especialistas em violência de gênero alertam: relacionamentos abusivos muitas vezes começam cedo e passam despercebidos.
"A sociedade precisa acordar para essa realidade", diz a psicóloga especializada em violência doméstica, Dra. Carla Mendes. "Quando um homem começa a controlar quem a parceira vê, o que ela veste, como se comporta — isso são sinais vermelhos que não podem ser ignorados."
Enquanto a justiça segue seu curso, a pergunta que fica é: quantas Anas precisam morrer antes que a violência contra mulheres e meninas seja tratada como a emergência que realmente é?