
Era uma noite como qualquer outra no bairro residencial de São Luís — até que o silêncio foi rasgado por gritos. Ele chegou sem aviso, armado não só com uma faca, mas com anos de ódio acumulado. O que se seguiu foi uma cena digna dos piores pesadelos.
A vítima, cujo nome preservamos por questões óbvias, contou depois aos investigadores que "sentiu o gelo da lâmina antes mesmo de ver o metal". Em depoimento que arrepiou até os policiais mais experientes, descreveu como o ex-companheiro a atacou com golpes precisos, cada um carregado de uma fúria que parecia infinita.
O instinto de sobrevivência fala mais alto
Quando percebeu que resistir poderia significar a morte, a mulher — numa jogada que misturou desespero e genialidade — deixou o corpo relaxar e prendeu a respiração. "Fingi estar morta enquanto sentia o sangue escorrer", revelou posteriormente, numa frase que resume o terror vivido.
O agressor, convencido de ter consumado seu intento, fugiu deixando-a gravemente ferida. Só não contava com dois detalhes:
- A vítima conhecia seus maneirismos — sabia exatamente quando ele estaria distraído o suficiente para pedir ajuda
- Vizinhos alertados pelos gritos iniciais já estavam a caminho
O resgate chegou a tempo. Mas essa história, como tantas outras de violência doméstica, deixou marcas que nenhuma cirurgia pode apagar completamente.
A sentença: 12 anos que parecem pouco
Nesta quarta-feira (31), o Tribunal de Justiça do Maranhão confirmou a condenação. Doze anos de prisão — número que, para especialistas consultados, ainda é "aquém do que casos dessa gravidade merecem", nas palavras de uma promotora que preferiu não se identificar.
O juiz responsável destacou em sua decisão elementos cruciais:
- Premeditação clara (ele levou a arma)
- Histórico de ameaças documentadas
- Extrema crueldade — atacou quando ela menos esperava
Curiosamente — ou tragicamente —, o réu mantinha nas redes sociais posts sobre "respeito às mulheres". Hipocrisia que a Justiça não engoliu.
Agora, enquanto ele enfrenta as grades, ela enfrenta um processo mais longo: reconstruir a vida. E São Luís? Continua sendo palco de histórias como essa, que deveriam ser ficção, mas são dolorosamente reais.