
Imagine uma cena de pesadelo que se tornou realidade no coração do Piauí. Uma tarde comum, uma brincadeira inocente, e de repente—tudo vira tragédia. É assim que começa essa história que chocou Teresina e deixou uma família em luto permanente.
O caso, que agora vai parar na Justiça, envolve dois profissionais do setor de gás: o empresário Francisco das Chagas Silva Lima e o gerente José Ribamar Alves Silva. Segundo as investigações, eles seriam diretamente responsáveis pelas condições perigosas que levaram à morte do pequeno João Victor Silva Almeida, de apenas 10 anos.
O que exatamente aconteceu naquele dia fatídico?
Era 22 de maio—uma data que a família do menino nunca vai esquecer. João Victor estava brincando—como toda criança deveria ter direito—na Revenda Aquarius, localizada no bairro São João. O que ninguém podia prever era que o local escondia uma armadilha mortal: uma grade de proteção do transformador de energia que estava energizada.
O contato foi instantâneo. A descarga elétrica foi tão violenta que não deu chance ao menino. Uma vizinha, que testemunhou a cena, ainda parece abalada quando lembra: "Foi tudo muito rápido. A gente nunca imagina que algo assim pode acontecer do lado de casa".
Negligência criminosa?
O Ministério Público não teve dúvidas: ingressou com denúncia por homicídio culposo—aquele que acontece sem intenção de matar, mas por imprudência, negligência ou imperícia. A promotoria alega que ambos os acusados sabiam dos riscos e não tomaram as medidas básicas de segurança.
Francisco, como proprietário, supostamente falhou em garantir a manutenção adequada do espaço. Já José, no papel de gerente, teria ignorado protocolos elementares de proteção. Dois adultos, dois profissionais, que—segundo a acusação—deveriam saber melhor.
E o mais revoltante? Não era a primeira vez que algo assim ameaçava acontecer. Moradores da área contam que já haviam alertado sobre os perigos daquela instalação elétrica improvisada. "A gente sempre via aqueles fios expostos e ficava com medo", confessa uma comerciante local que preferiu não se identificar.
O processo judicial e o que esperar
Agora a bola está com a Justiça. O caso foi encaminhado para a 3ª Vara do Tribunal do Júri de Teresina—o que significa que, se aceita a denúncia, um júri popular poderá decidir o destino dos acusados.
As penas? Podem chegar a quatro anos de detenção. Mas—e aqui está o ponto crucial—a promotoria pede que sejam cumpridas em regime inicialmente fechado. Não é pouco, considerando que estamos falando de uma vida perdida de forma tão absurda.
O defensor público já se manifestou, mas—surpresa—não conseguiu reverter a decisão de denúncia em habeas corpus. A Justiça entendeu que há indícios suficientes de que a morte poderia ter sido evitada com medidas básicas de cuidado.
Enquanto isso, a família de João Victor tenta reconstruir a vida sem o menino. "Ele era cheio de energia, adorava futebol e sonhava em ser jogador profissional", lembra um parente, com a voz embargada. Agora, restam apenas as memórias e a esperança de que justiça seja feita.
Este caso serve como alerta cruel: a negligência tem consequências reais—e sometimes, essas consequências custam vidas inocentes. Quantos outros locais por aí escondem perigos semelhantes? A pergunta fica no ar, ecoando como um aviso sombrio.