Um trabalhador rural aposentado do interior do Piauí se tornou símbolo de resiliência e luta por dignidade. Raimundo Ribeiro, de 62 anos, morador da localidade Jibóia, na zona rural de Vera Mendes, viralizou nas redes sociais ao mostrar a cadeira improvisada que usa para se locomover após ter as duas pernas amputadas. A situação precária do equipamento, aliada ao seu desejo de voltar a trabalhar, comoveu milhares de pessoas.
A história de superação e perda
A vida de Seu Raimundo mudou drasticamente há nove anos. Enquanto trabalhava capinando roça e cortando mato, uma atividade que exercia desde os 12 anos, ele contraiu uma bactéria considerada muito perigosa. Na época, ele havia passado cerca de 40 dias entrando em uma área de mata que havia sido recentemente borrifada com veneno. “Eu trabalhava caminhando por dentro do mato. Foi nessas saídas que contraí uma bactéria muito perigosa”, relatou ao g1.
A infecção se mostrou agressiva. Após ser levado para Teresina, ele ficou nove dias internado e teve os primeiros dois dedos do pé amputados. Em apenas três dias, a condição piorou, e os médicos concluíram que seria necessário amputar parte da perna para conter o avanço da doença. O que ele imaginava ser um corte menor se tornou uma amputação quatro dedos acima do joelho. Três anos depois, a outra perna apresentou os mesmos sintomas – dormência, inchaço e feridas que não cicatrizavam – e também precisou ser amputada.
A luta diária pela autonomia
Para tentar manter um pouco de independência, Raimundo improvisou uma cadeira de locomoção usando um motor de motocicleta. No entanto, o equipamento caseiro não tem estrutura de segurança, já apresenta falhas mecânicas e não liga direito, limitando drasticamente seus movimentos. “Quase não saio mais de casa. Do jeito que eu estou, é complicado”, desabafa o aposentado.
Ele depende dos irmãos para tarefas básicas, como ir ao mercado, e seu maior sonho é recuperar a autonomia. “Com a cadeira elétrica ficaria muito melhor... Uma cadeira nova, com tudo direitinho, já era outra vida”, afirma, destacando que a principal mudança seria poder se locomover com segurança dentro da própria vizinhança.
Campanha de solidariedade por uma nova chance
O valor de uma cadeira motorizada adequada é estimado em cerca de R$ 13 mil, quantia considerada inviável para Raimundo. Ele recebe um benefício, mas gasta grande parte com medicamentos e ainda tenta realizar pequenos serviços manuais quando possível, mantendo viva a chama do trabalho. “Eu fui um homem trabalhador. Minha vontade era continuar trabalhando”, declara.
Diante da dificuldade, um amigo de longa data, Carlos Mourão, decidiu criar uma vaquinha virtual para ajudá-lo. A iniciativa surgiu após Carlos publicar vídeos sobre a situação de Raimundo nas redes sociais. “Eu tinha começado a postar uns vídeos nas redes sociais e resolvi ajudar ele de alguma forma fazendo uma vaquinha”, explicou.
Quem quiser conhecer mais detalhes da história e contribuir pode entrar em contato através do número (89) 99410-1934. A campanha não busca apenas um equipamento, mas a devolução da dignidade e da capacidade de um homem que dedicou a vida ao trabalho e agora anseia por um recomeço com mais segurança e independência.