
Era uma terça-feira comum no bairro Potengi, Zona Leste de Natal, quando a tranquilidade de um casal de idosos foi brutalmente interrompida. Ele, 78 anos; ela, 70. Dois rostos marcados pelo tempo que jamais imaginariam cair numa armadilha tão bem urdida.
O golpe começou com uma ligação aparentemente inofensiva. Do outro lado da linha, uma voz convincente se passava por funcionário de uma grande empresa de telecomunicações. Alertava sobre uma suposta dívida vencida — algo que o casal sabia não existir.
A artimanha dos criminosos
Os bandos não mediram esforços para convencer as vítimas. Chegaram a enviar um mototáxi até a residência dos idosos para recolher — pasmem — um aparelho de modem que supostamente precisaria de "manutenção técnica".
Mas a jogada mestre veio depois. Dois comparsas apareceram pessoalmente na casa do casal, fingindo ser técnicos legítimos. Com uma lábia afiada e documentos falsos, conseguiram acesso aos aplicativos bancários dos idosos.
O estrago foi considerável: uma quantia expressiva evaporou das contas do casal antes que pudessem perceber o que realmente estava acontecendo.
A reviravolta policial
Mas o azar dos criminosos começou quando o casal, desconfiado após a primeira transação suspeita, acionou a Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor (Decon).
Os investigadores não perderam tempo. Montaram uma operação discreta e, na quinta-feira (25), quando os suspeitos retornaram ao mesmo endereço para aplicar outro golpe, foram surpreendidos pela polícia.
Três homens, com idades entre 20 e 40 anos, foram detidos no local. A polícia apreendeu documentos falsos, um veículo utilizado nas investidas criminosas e outros materiais que comprovavam a ação do grupo.
Padrão de atuação preocupante
O que mais choca nesse caso é a metodologia. Os criminosos pareciam ter um roteiro ensaiado:
- Primeiro contato por telefone com falsa identificação
- Enviam motoboy para recolher equipamentos inexistentes
- Visita presencial com documentação falsa
- Acesso forçado a aplicativos bancários
- Transferências rápidas para contas laranja
Um verdadeiro esquema que, segundo investigações iniciais, pode ter outras vítimas pela cidade.
Os três presos agora respondem por estelionato e falsificação de documentos. Ficaram à disposição da Justiça — que, espera-se, será implacável com quem se aproveita da vulnerabilidade alheia.
Enquanto isso, o casal tenta reconstruir a sensação de segurança violada. Porque o prejuízo, convenhamos, vai muito além do financeiro.