Um policial penal aposentado foi preso em flagrante nesta quarta-feira (17) na cidade de Campinas, interior de São Paulo, acusado de graves crimes sexuais contra crianças. A operação, que também contou com o apoio da Polícia Federal e do FBI, desmantelou uma rede de exploração infantil que usava jogos de videogame como isca para atrair menores.
Modus operandi: videogames como ferramenta de aliciamento
Segundo as investigações conduzidas pela Polícia Civil, o suspeito, identificado como Marcio Aparecido Bastos Barboza, se passava por criança em ambientes virtuais de jogos online. Nesses espaços, ele estabelecia contato com as vítimas, iniciava conversas em tempo real e, posteriormente, pedia seus contatos. A partir daí, conseguia acesso a material pornográfico envolvendo crianças em situação de abuso e exploração.
O delegado Elton Costa, responsável pelo caso, detalhou a tática. "Ele atraía as crianças por meio de jogos eletrônicos, videogames e se aproveitava disso para toques íntimos", explicou. A delegacia alerta para o perigo latente nesses ambientes digitais, que muitas vezes passam despercebidos pelos responsáveis.
Prisão preventiva e material apreendido
Os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, localizada no Jardim Florence. Durante a ação, foram encontrados e confiscados diversos equipamentos e mídias contendo conteúdo de exploração sexual infantil. O material apreendido inclui:
- Dois videogames
- Duas mídias de armazenamento (como HDs ou pen drives)
- Cadernos com anotações
- Um telefone celular
De acordo com o delegado Elton Costa, as investigações apontam que o acesso a sites com esse tipo de conteúdo ilegal era uma prática antiga do acusado. "Havia esse acesso a sites desse conteúdo há muito, muito tempo. Ele confirmou que, algum tempo atrás, ele teve um dos seus endereços de e-mail cancelado, justamente por identificar esse tipo de material e ele obviamente tinha vários endereços de e-mail", relatou o delegado.
Histórico criminal e alerta aos pais
O caso ganha contornos ainda mais graves pelo histórico do investigado. Marcio Aparecido Bastos Barboza já era alvo de investigação pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas por dois estupros, sendo um deles classificado como estupro de vulnerável. Diante da gravidade dos fatos e do risco de novos crimes – uma vez que o suspeito tem convívio com crianças –, a Justiça decretou sua prisão preventiva, sem direito a fiança.
O delegado fez um alerta direto e necessário às famílias. "É muito importante que os pais tenham ciência do que seus filhos estão jogando, participem nesse momento para que consigam proteger os seus filhos desse tipo de criminalidade que passa tão desapercebido de todos", completou Costa, enfatizando a necessidade de supervisão parental no universo digital.
Inicialmente, o suspeito negou as acusações, chegando a afirmar que não sabia da existência dos arquivos criminosos em seu celular. No entanto, em um segundo momento, mudou sua versão e admitiu que acessava sites de pornografia, onde encontrava o material infantil, e o guardava para consumo posterior.
A operação foi uma ação conjunta do 6º Distrito Policial (DP) de Campinas com a Polícia Federal e o Federal Bureau of Investigation (FBI), demonstrando a dimensão internacional que crimes cibernéticos dessa natureza podem atingir. O boletim de ocorrência foi registrado como posse e armazenamento de pornografia infantil, crime cuja pena prevista é de reclusão de um a quatro anos, além de multa. Os outros dois inquéritos por estupro seguem em andamento na 2ª DDM.
