Escola Indígena Xukuru-Kariri sofre ataque a tiros em Alagoas
Escola indígena é alvo de tiros em Palmeira dos Índios

Uma escola indígena foi alvo de disparos de arma de fogo durante a madrugada desta segunda-feira, 10, no município de Palmeira dos Índios, localizado no Agreste de Alagoas. O ataque ocorreu na Escola Indígena da Aldeia Fazenda Canto, que atende estudantes da etnia Xukuru-Kariri.

Detalhes do ataque

Os tiros atingiram portões e paredes da unidade escolar, causando danos à infraestrutura, mas não houve registro de feridos no incidente. O coordenador regional em Alagoas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Cícero Albuquerque, confirmou que a instituição já notificou a Funai Brasília, o Ministério dos Povos Indígenas e a Polícia Federal sobre o ocorrido.

Cícero Albuquerque classificou o ato como uma grave ameaça à comunidade indígena. "Entendemos como mais uma tentativa de intimidação, como uma ameaça explícita", declarou o coordenador em entrevista.

Contexto de tensão fundiária

O ataque à escola acontece em um momento crítico para a regularização fundiária da Terra Indígena Xukuru-Kariri. A área, que é de posse permanente da comunidade desde 2010 e teve sua demarcação física concluída em 2013, tem sido palco de tensões históricas envolvendo a posse da terra.

Atualmente, equipes técnicas da Funai estão realizando o levantamento detalhado das ocupações não indígenas na região. O território indígena abrange aproximadamente 7 mil hectares e é habitado por cerca de mil indígenas e 1,5 mil não indígenas, segundo dados do Censo do IBGE de 2022.

Investigações em andamento

Um Boletim de Ocorrência foi registrado, caracterizando o evento como mais um atentado contra o povo Xukuru-Kariri. No entanto, a autoria, a motivação e o horário exato dos disparos permanecem desconhecidos pelas autoridades.

O coordenador da Funai em Alagoas indicou que a intimidação contra a escola reforça o clima de conflito na região, especialmente durante o processo de cadastramento e medição das benfeitorias construídas por não indígenas de boa-fé, etapa fundamental para assegurar os direitos de todos e finalizar o processo de demarcação.